Não há na história grega a fase do estado
templo, a fase dos Sacerdotes reis, Os Gregos atingiram imediata e diretamente,
a organização de cidade, que se tinha desenvolvido no Próximo Oriente em torno
do templo.
Os invasores gregos (a civilização egeia foi
submetida e absorvida pelos povos Helénicos, vindos do norte) receberam a
associação do templo e da cidade como uma ideia já feita a aproveitar. O que
mais os impressionou a respeito da cidade foram, provavelmente, as suas
muralhas. É duvidoso que se tenham entregado imediatamente à vida de cidade e à
cidadania. Terão vivido, em princípio, em aldeias abertas.
Pensaram a respeito de cidade, primeiro,
como um lugar seguro, em tempo de lutas, e do templo como algo de essencial à
cidade, que não compreendiam nem discutiam. Recebiam essa herança de uma
civilização anterior, quando ainda tinham, fortes no espirito, as ideias dos
campos e das florestas.
barco de guerra Helénico |
Em muitas daquelas cidades, os sobreviventes
da população anterior formavam, como um todo, uma classe subjugada de escravos
do Estado; tal era o caso por exemplo dos, Hilotas em Esparta. Os nobres e
plebeus tornaram-se senhores de terra (fazendeiros) eram eles que faziam e
controlavam o comércio, os empreendimentos e a construção de navios. Alguns dos
cidadãos mais pobres e livres seguiam as artes mecânicas, chegavam a
assalariar-se como remeiros das galeras. Os sacerdotes existentes no mundo
grego, ou eram guardiões de santuários e templos, ou funcionários dos
sacrifícios; Aristóteles, na sua Politica, considera-os uma
simples subdivisão da classe oficial.
O cidadão servia como guerreiro na juventude,
governante na maturidade e sacerdote na velhice. A classe
sacerdotal em comparação com a classe equivalente no Egito e na Babilónia era
pequena e insignificante.
Os sacerdotes e sacerdotisas desses templos
não estavam unidos numa classe, nem exerciam qualquer poder. Eram os nobres e
os plebeus livres, duas classes que em alguns casos se fundiam num corpo comum
de cidadãos, que constituíam o Estado grego. Em muitas ocasiões, especialmente
nas cidades estados, a população de escravos e de estrangeiros sem franquia sobrepujava,
em muito, o número dos cidadãos. Para eles, o Estado só existia por favor;
legalmente, o Estado existia apenas para o corpo selecionado de cidadãos. Podia
tolerar ou não o escravo e o estranho, mas eles não tinham nenhuma voz legal no
seu próprio tratamento – era como se vivessem em regime despótico.
Tal estrutura social difere amplamente da
estrutura das monarquias orientais.
Outro contaste entre os estados gregos e
outras comunidades humanas até agora consideradas é a sua incurável divisão. As
civilizações do Egito, de Suméria, da China, e sem dúvida do Norte da India, começaram
por um certo número de cidades estados independentes, cada uma delas
compreendendo uma cidade e algumas povoações agrícolas e terras de cultivo à
volta; mas dessa fase passaram, por um processo de unificação, a reinos e
impérios.
BARCO DE GUERRA |
Os Gregos, no entanto até aos últimos dias da
sua vida independente, não se uniram. Atribui-se o facto, às condições
geográficas em que viviam. A Grécia é uma região cortada por uma multidão de
vales, por massas de montanhas e braços de mar que tornam a intercomunicação
particularmente difícil; tão difícil, que algumas cidades puderam manter muitas
outras subjugadas durante grandes espaços de tempo. Além disso muitas ficavam
em ilhas dispersas ao longo de costas remotas. Até ao final, os maiores estados
cidades da Grécia conservaram-se menores do que muitos condados ingleses.
Atenas, uma das maiores cidades gregas, no auge do seu poder tinha uma
população de talvez um terço de milhão. Poucas excederam cinquenta mil
habitantes. Desse número, metade ou mais era de escravos e estrangeiros, e dois
terços de cidadãos livres, eram mulheres e crianças.
Agora
pleno século XXI: a Grécia, como disse na postagem anterior, foi a
votos, dia 5-7-2015, para dizer sim ou não à Europa. Ou melhor para legitimar a
autoridade do seu Primeiro-ministro perante a mesma. Disse não à Europa e sim
ao seu primeiro-ministro, que tem defendido o país, acerrimamente, perante uma
Europa, que tem atacado os países do Sul, chamando-lhes: preguiçosos que não
gostam de trabalhar, que querem viver à custa do Norte. Ora tem sido
precisamente o contrário. O Norte da Europa tem estado a encher os seus cofres,
à custa do Sul da Europa. Fizeram empréstimos desastrosos sabendo de antemão
que daí tirariam dividendos oportunistas. A Grécia e todo o Sul tem estado,
como que, sob um ataque Viking quais séculos VIII e XI. A Grécia disse não. Não
se libertou mas, pelo menos, luta como os seus antepassados. Portugal; e os
outros servem de capacho aos exploradores do Norte.
FONTE: HISTÓRIA UNIVERSAL; G.H.
WELLS
PRIMEIRO VOLUME
COIMBRA, JULHO DE 2015
Carminda Neves
Sem comentários:
Enviar um comentário