terça-feira, 7 de julho de 2015

ASPETOS CARATERÍSTICOS DA CIVILIZAÇÃO HELÉNICA


      Não há na história grega a fase do estado templo, a fase dos Sacerdotes reis, Os Gregos atingiram imediata e diretamente, a organização de cidade, que se tinha desenvolvido no Próximo Oriente em torno do templo.
  Os invasores gregos (a civilização egeia foi submetida e absorvida pelos povos Helénicos, vindos do norte) receberam a associação do templo e da cidade como uma ideia já feita a aproveitar. O que mais os impressionou a respeito da cidade foram, provavelmente, as suas muralhas. É duvidoso que se tenham entregado imediatamente à vida de cidade e à cidadania. Terão vivido, em princípio, em aldeias abertas.
     Pensaram a respeito de cidade, primeiro, como um lugar seguro, em tempo de lutas, e do templo como algo de essencial à cidade, que não compreendiam nem discutiam. Recebiam essa herança de uma civilização anterior, quando ainda tinham, fortes no espirito, as ideias dos campos e das florestas.

barco de guerra Helénico
 Em muitas daquelas cidades, os sobreviventes da população anterior formavam, como um todo, uma classe subjugada de escravos do Estado; tal era o caso por exemplo dos, Hilotas em Esparta. Os nobres e plebeus tornaram-se senhores de terra (fazendeiros) eram eles que faziam e controlavam o comércio, os empreendimentos e a construção de navios. Alguns dos cidadãos mais pobres e livres seguiam as artes mecânicas, chegavam a assalariar-se como remeiros das galeras. Os sacerdotes existentes no mundo grego, ou eram guardiões de santuários e templos, ou funcionários dos sacrifícios; Aristóteles, na sua Politica, considera-os uma simples subdivisão da classe oficial.
  O cidadão servia como guerreiro na juventude, governante na maturidade e sacerdote na velhice. A classe sacerdotal em comparação com a classe equivalente no Egito e na Babilónia era pequena e insignificante.
   Os sacerdotes e sacerdotisas desses templos não estavam unidos numa classe, nem exerciam qualquer poder. Eram os nobres e os plebeus livres, duas classes que em alguns casos se fundiam num corpo comum de cidadãos, que constituíam o Estado grego. Em muitas ocasiões, especialmente nas cidades estados, a população de escravos e de estrangeiros sem franquia sobrepujava, em muito, o número dos cidadãos. Para eles, o Estado só existia por favor; legalmente, o Estado existia apenas para o corpo selecionado de cidadãos. Podia tolerar ou não o escravo e o estranho, mas eles não tinham nenhuma voz legal no seu próprio tratamento – era como se vivessem em regime despótico.
  Tal estrutura social difere amplamente da estrutura das monarquias orientais.
  Outro contaste entre os estados gregos e outras comunidades humanas até agora consideradas é a sua incurável divisão. As civilizações do Egito, de Suméria, da China, e sem dúvida do Norte da India, começaram por um certo número de cidades estados independentes, cada uma delas compreendendo uma cidade e algumas povoações agrícolas e terras de cultivo à volta; mas dessa fase passaram, por um processo de unificação, a reinos e impérios.
BARCO DE GUERRA

  Os Gregos, no entanto até aos últimos dias da sua vida independente, não se uniram. Atribui-se o facto, às condições geográficas em que viviam. A Grécia é uma região cortada por uma multidão de vales, por massas de montanhas e braços de mar que tornam a intercomunicação particularmente difícil; tão difícil, que algumas cidades puderam manter muitas outras subjugadas durante grandes espaços de tempo. Além disso muitas ficavam em ilhas dispersas ao longo de costas remotas. Até ao final, os maiores estados cidades da Grécia conservaram-se menores do que muitos condados ingleses. Atenas, uma das maiores cidades gregas, no auge do seu poder tinha uma população de talvez um terço de milhão. Poucas excederam cinquenta mil habitantes. Desse número, metade ou mais era de escravos e estrangeiros, e dois terços de cidadãos livres, eram mulheres e crianças.

 Agora pleno século XXI: a Grécia, como disse na postagem anterior, foi a votos, dia 5-7-2015, para dizer sim ou não à Europa. Ou melhor para legitimar a autoridade do seu Primeiro-ministro perante a mesma. Disse não à Europa e sim ao seu primeiro-ministro, que tem defendido o país, acerrimamente, perante uma Europa, que tem atacado os países do Sul, chamando-lhes: preguiçosos que não gostam de trabalhar, que querem viver à custa do Norte. Ora tem sido precisamente o contrário. O Norte da Europa tem estado a encher os seus cofres, à custa do Sul da Europa. Fizeram empréstimos desastrosos sabendo de antemão que daí tirariam dividendos oportunistas. A Grécia e todo o Sul tem estado, como que, sob um ataque Viking quais séculos VIII e XI. A Grécia disse não. Não se libertou mas, pelo menos, luta como os seus antepassados. Portugal; e os outros servem de capacho aos exploradores do Norte.

FONTE: HISTÓRIA UNIVERSAL; G.H. WELLS
               PRIMEIRO VOLUME

COIMBRA, JULHO DE 2015
Carminda Neves

   


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