As alternativas de fundação, conquista nómada, absorção e refinamento, e de novo conquista, absorção e refinamento, caraterísticas fundamentais dessa (ver civilizações neste blog) fase da História humana – são particularmente visíveis na região do Eufrates e do Tigre. Toda essa região de fertilidade assombrosa se achava, com efeito, envolvida, em todas as direções, por grandes terras que não eram completamente áridas para se considerarem desertos, nem suficientemente férteis para sustentar populações civilizadas. Foram os Sumérios o primeiro povo que, nesta parte do mundo, e, talvez, em todo o mundo, construiu cidades e fundou uma civilização. Eram provavelmente, brancos morenos, com afinidades ibéricas ou dravidianas. Possuíam uma espécie de escrita, gravada em grés ou barro, pela qual se lhes decifrou a língua. Esta aproxima-se mais dos grupos caucásicos não classificados do que de quaisquer outros ainda hoje existentes. Tais línguas podem ter tido ligações com o basco, e talvez representem o que foi, outrora, um largo grupo primitivo de línguas que se estenderia da Espanha e Europa Ocidental até á Índia Oriental e atingiria, ao Sul, a África Central.
Escavações feitas em Eridu pelo capitão R. Campbell Thompson, durante a Grande Guerra, revelaram a existência, abaixo das mais antigas fundações sumérias, de vestígios de uma fase agrícola primitiva, da época neolítica, anterior à invenção da escrita e mesmo ao uso do bronze. As colheitas desses pré sumérios eram ceifadas com foices e instrumentos de barro.
Os Sumérios rapavam a cabeça e usavam roupa de lã a imitar túnicas singelas. Fixaram-se, a princípio, na parte inferior do curso do grande rio, não muito longe do Golfo Pérsico, o qual penetrava naqueles dias até duzentos ou mais quilómetros, acima dos limites atuais.
Sayce, no seu livro Babylonian and Assyrian life (Vida na Assíria e Babilónia), calcula que em 6500 a. C., Eridu era litoral marítimo. Os Sumérios fertilizavam a terra irrigando-a por meio de canais e, gradualmente tornaram-se hábeis engenheiros hidráulicos; possuíam bois, jumentos, carneiros e cabras, mas faltava-lhes o cavalo.
Flores Foto: Carminda |
O barro, secado ao sol, era um grande factor na vida desses povos. Não havendo pedra na região, construíam com tijolos de barro, faziam cerâmica e imagens de barro, desenhavam e chegaram a escrever sobre finas peças de barro semelhantes a telhas. Não parecem ter tido papel ou usado pergaminho. Os seus livros eram de barro ou grés.
Em Nipur construíram uma grande torre de tijolos ao seu deus principal El-Lil (Enlil), cuja memória, ao que se supõe, ficou preservada na torre de Babel. Parece que se dividiam em cidades estados, que se guerreavam entre si.
Desenvolveram a sua civilização, a sua escrita, a sua navegação, durante um período duas vezes mais longo que o que medeia entre o começo da era Cristã e os tempos atuais. Depois foram cedendo e desaparecendo perante os povos semitas.
O primeiro de todos os impérios conhecidos foi o fundado pelo sumo-sacerdote do deus da cidade suméria de Ereque. Estende-se, diz uma inscrição em Nipur, do Mar Baixo (Golfo Pérsico) ao Mar Alto (Mediterrâneo ou Vermelho?). Nas elevações do vale do Eufrates-Tigre, acha-se sepultado o registo desse vasto período da História, dessa primeira metade da Era do Cultivo da terra, Aí floresceram os primeiros templos e os primeiros governantes – sacerdotes de que temos conhecimento.
Fonte: H.G. WELLS
HISTÓRIA UNIVERSAL primeiro volume
Coimbra, Setembro DE 2012
Carminda Neves
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