REI D. DINIS |
As
Universidades medievais europeias surgem ou à margem do poder ou por estatuição
da autoridade pontifícia ou imperial, por vezes associadas no ato da sua
criação.
No
que respeita à Universidade de Coimbra, que se confunde com os primórdios da
Nacionalidade, há três documentos de importância capital relativos à sua
fundação.O primeiro é a súplica, de que infelizmente só conhecemos traslado, dirigida ao Papa Nicolau IV, em 12 de Novembro de 1288, assinada pelos abades dos Mosteiros de Santa Maria de Alcobaça, de Santa Cruz em Coimbra de S. Vicente em Lisboa e ainda por diversos superiores de 24 Igrejas e conventos do reino.
O
segundo documento é o da própria fundação de 1 de março de 1290 e assinado em
Leiria por El-Rei D. Dinis, particularmente sensível as letras, porque poeta e
neto de Afonso X rei de Castela “o sábio”. A esposa do Monarca português,
Isabel de Aragão, a futura Rainha Santa, aparece em vários documentos
apresentando súplicas a favor dos escolares.
PAPA Nicolau IV |
REI D. JOÃO III |
A
leitura dos três documentos leva-nos à conclusão que os estudos gerais já
funcionavam há muito tempo em Portugal, mas devido às não boas relações dos
reis anteriores a D. Dinis com o vaticano é lhes negada a autorização para a fundação
de uma Universidade.
Em
Coimbra já fora criado em 1131 o Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo
Agostinho, graças a D. Telo, arcediago da Sé de Coimbra, a D. João Peculiar,
Mestre- Escola da mesma catedral, e ao próprio Rei, D. Afonso Henriques, do
qual Mosteiro foi primeiro prior S. Teotónio tendo nele estudado, entre muitos
outros, SANTO ANTÓNIO.
Também
a Sé velha, tesouro precioso de estilo românico, edificada no tempo do rei
conquistador, era um grande centro de cultura através da sua Escola
Catedralícia (1094),o mosteiro do Lorvão também centro de ensino, como aliás
acontecia com as suas congéneres nacionais e estrageiras.
SÍMBOLOS, DISTINÇÕES E CERIMÓNIAS ACADÉMICAS
São
símbolos da Universidade de Coimbra o selo, a bandeira e o hino.
O
Selo representa a Sapientia coroada, em pé, com um livro aberto na mão esquerda
e um cetro terminado em esfera armilar na direita. No chão encontram-se alguns
livros e ainda um crivo, do lado direito, e um mocho do esquerdo. Este conjunto
está enquadrado por um pórtico gótico e tem à volta, na metade inferior, a legenda
“Insígnia Universitatis Conimbrigensis”.SAPIENTIA |
As
cores do selo são: verde para a reitoria e suas dependências imediatas,
azul-escuro para a Faculdade de letras, vermelho para a de Direito, amarela
para a de Medicina, azul claro e azul claro e branco para a de Ciências e
Tecnologia, roxo para Farmácia, vermelho e branco para a de Economia, cor de
laranja para a de Psicologia e Ciências da Educação. Hoje as faculdades são muito
mais do que as que deram origem à Universidade e as cores foram-se
multiplicando. Hoje terá cerca 30 000 a 50 000 mil estudantes nesta
Universidade.
Estas
cores são visíveis nos trajos cerimoniais usados pelos catedráticos nos vários
atos protocolares realizados pela Universidade. Os estudantes usam fitas com as
cores acima descritas conforme as faculdades, que frequentam, nas suas pastas
pretas.
As
Faculdades, a Biblioteca Geral, o Arquivo e a Imprensa da Universidade podem
utilizar, além do selo descrito, os emblemas ou selos brancos que lhes sejam
próprios, desde que aprovados pelo senado.
A
bandeira tem ao centro o selo da Universidade, de cor verde, em relevo, sobre
fundo branco.A Universidade tem hino próprio, que se toca nas cerimónias solenes.
TORRE DA UNIVERSIDADE |
O
doutoramento honoris causa é a mais alta distinção conferida pela Universidade,
sendo a respetiva concessão feita pelo senado, sob proposta das Faculdades,
aprovada por maioria de dois terços do conselho Científico.
A
medalha honorífica da Universidade é atribuída pelo Reitor, por sua iniciativa
ou proposta do senado, destina-se a galardoar pessoas ou instituições que
tenham prestado relevantes serviços à Universidade ou que se tenham distinguido
por méritos excecionais.
O
dia da Universidade de Coimbra celebra-se a 1 de março
ADMISSÃO E TRAJOS ACADÉMICOS DE ALUNOS E
PROFESSORES
O percurso universitário do lente (professor
universitário; professor catedrático; aquele que lê; do latim legente) começava
após a conclusão dos estudos universitários. Este iniciava-se pela matrícula
na faculdade que pretendia cursar. Para ser autorizado a matricular-se na
faculdade da sua escolha, era preciso que tivesse uma idade mínima que variava
de uma faculdade para outra, mas que se situava entre os 14 e os 18 anos. Devia
ter aproveitamento nos estudos preparatórios, comprovado por certificados dos
respetivos professores e por exames de admissão, e era também obrigado a
apresentar certidões de batismo e de bom comportamento moral e cívico. Fazia
juramento de obediência ao reitor e estatutos da Universidade. Ficava assim a
pertencer à corporação universitária, e sujeito ao foro académico, privilégio
que só acabou com o liberalismo. Durante o seu percurso universitário era
sujeito a várias provas, tanto escritas, como orais e práticas, culminando no seu
final com exames expostos ”solida, erudita, e elegantemente” de
sorte que quem ouvir a lição fique convencido da genuína sabedoria do
examinando.TRAJO ACADÉMICO DO ESTUDANTE |
trajo académico do estudante |
O GRAU DE DOUTOR
É a ultima, e maior honra, a que nas
universidades pretendem chegar os que nelas estudam. “Por isso é conveniente
que se não negue a quem o tiver justamente merecido “assim dizem os estatutos
Pombalinos.CAPELO, BARRETE E BORLA |
O cerimonial de doutoramento decorria da
seguinte forma: o doutorando era acompanhado solenemente do terreiro de Santa
Cruz até à capelada universidade, onde era celebrada missa, finda a qual o
cortejo seguia para a Sala Grande dos Atos. Assim se continuava a tradição dos
estatutos velhos (1654), segundo os quais os cortejos iam, quer para Santa Cruz
(teologia e medicina), quer de Santa
Cruz para as escolas e capela (cânones e
leis). Após 1834, o cortejo partia da atual praça Marquês de Pombal, e mais
tarde passou a sê-lo da Biblioteca Joanina. O Reitor, o Padrinho, os lentes e
os doutores com as suas insígnias. O doutorando vinha com capelo (espécie de capa usada pelos doutores como insígnia, nos
atos solenes; insígnia distintiva reservada aos cardeais; mais uma vez a
herança religiosa na universidade) de veludo da cor da respetiva faculdade
(descritas acima), de cabeça descoberta, à mão esquerda do Reitor, ficando do
outro lado o Padrinho. Seguia-se o pajem do doutorando, com uma salva em que
iam o barrete (espécie de carapuça
sem pala; cobertura quadrangular usada pelos eclesiásticos e pelos catedráticos
em momentos solenes) e a borla
(ornamento de onde pendem fios em forma de campânula; pode chamar-se também
barrete; grau ou insígnia de doutor; os catedráticos são complicados e não
querem ter dois barretes eh, eh…). Depois vinham os lentes e os doutores, dois
a dois, segundo as suas precedências e antiguidades. Nenhuma outra pessoa que
não levasse insígnias podia incorporar-se no cortejo.
SALA DO SENADO |
Só tentei esclarecer as dúvidas acerca da
existência de capelo, barrete e borla nos atos solenes da Universidade de
Coimbra, eu própria estava confusa, e o porquê da existência dos mesmos, a sua
origem, assim como do trajo dos alunos da mesma Universidade.(A pedido de uma leitora do blogue. Espero que tenha feito esclarecimento adequado. obrigada por ler este blogue).
Jinhos
Jinhos
Fontes: MEMORIA PROFESSORUM
UNIVERSITATISCONIMBRIGESIS 1772-1937; VOL II Arquivo da Universidade de Coimbra
A UNIVERSIDADE DE COIMBRA, MARCOS DA SUA HISTÓRIA;MANUEL AUGUSTO RODRIGUES; Arquivo da Universidade de Coimbra
A UNIVERSIDADE DE COIMBRA, MARCOS DA SUA HISTÓRIA;MANUEL AUGUSTO RODRIGUES; Arquivo da Universidade de Coimbra
Coimbra julho de 2013
Carminda Neves (Aluna da Aposénior Universidade sénior de Coimbra)
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