sexta-feira, 19 de agosto de 2011

LÍNGUAS DA HUMANIDADE


O MUNDO SEGUNDO HERÓDOTO
É improvável que tenha havido uma língua humana comum. Nada sabemos da língua do homem paleolítico; nem sequer sabemos se falava correctamente. Sabemos, pelos seus desenhos, que tinha um agudo sentido da forma e do movimento; por isso tem-se conjecturado que, comunicasse as suas ideias pelo gesto, gritos de alarme ou amizade, nomes de coisas concretas, em muitos casos onomatopeias, sons imitativos associados às coisas nomeadas. As línguas primitivas foram, provavelmente, pequenas interjeições e nomes ditos em diferentes intonações, para indicar os diferentes sentidos.
Só muito lentamente, os humanos desenvolveram métodos para indicar a acção e a relação de um modo formal.

AS LÍNGUAS INDO – EUROPEIAS, OU CAUCASIANAS, OU AINDA ARIANAS

CERÂMICAS LACUSTRES
 Há um grande grupo de línguas que hoje cobre quase toda a Europa e se expande pela Índia; inclui o inglês, francês, alemão, castelhano, português, italiano, latim, grego, russo, arménio, persa e várias línguas da Índia. Chama-se indo-europeu. Encontram-se as mesmas raízes, as mesmas ideias gramaticais em todo este grupo. Ex: o inglês father, mother com o latim pater, mater, o português pai, mãe, o sânscrito pitar, matar, etc. além disso um grande número de palavras sofre mudanças uniformes ao passarem de uma língua para outra. Ex: o f, das línguas germânicas corresponda ao p em latim. Seguem uma lei de variação, chamada a lei de Grimm. Com efeito, tais línguas não são coisas diferentes, mas variações de uma mesma coisa

AS LÍNGUAS SEMÍTICAS
Alem das línguas indo-europeias, os filólogos distinguem outro grupo de línguas, as línguas semíticas, as quais, ao que parece, se desenvolveram completamente à parte do primeiro grupo. O hebraico e o árabe, semelhantes entre si, nada parecem ter tido em comum com as línguas indo – europeias. São diferentes as suas mais primitivas raízes verbais; exprimem a sua ideia de relação de um modo diverso; e são ainda diferentes os princípios fundamentais das suas gramáticas.
A língua hebraica, o árabe, o abexim, o antigo assírio, o antigo fenício, e outras línguas afins são agrupadas como derivantes dessa segunda língua primária, semítica.

AS LÍNGUAS CAMÍTICAS
Os filólogos falam, com menos unanimidade, de um terceiro grupo de línguas, as camíticas, que alguns declaram ser distintas, outros, aparentadas com as semíticas.
O grupo camítico é, certamente mais amplo e mais variado que o semítico e o indo – europeu.

BERÇO DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL?
 Os povos de língua camítica, como os de língua semítica, são principalmente da zona mediterrânica. Entre as línguas camíticas estão o antigo egípcio e o copta, as línguas berberes (povos das montanhas do norte de África, os Tuaregues, e outros semelhantes), e o chamado grupo etiópico de línguas africanas da África oriental, incluindo-se as línguas dos Galas e dos Somalis.
Estes três grupos de línguas, apresentam um aspecto comum e de que não participa nenhuma outra língua: o género gramatical.

AS LÍNGUAS URALO-ALTAICAS
A nordeste das áreas semítica e indo-europeia existiu, outrora, outro sistema distinto de línguas conhecido como o turaniano ou uralo-altaico. São hoje o lapão da Lapónia e o samoiedo falado na Sibéria, o finlandês, o magiar, o turco ou tártaro, o manchu e o mongólico. Não tem sido tão estudado como os outros grupos. A língua coreana, japonesa, certas línguas dravidianas da Índia estão incluídas neste grupo?

AS LÍNGUAS CHINESAS
No Sueste da Ásia predomina um grupo de línguas monossilábicas, sem nenhuma flexão verbal, em que a altura ou o tom usado ao emitir a palavra lhe determina o sentido. Este grupo monossilábico inclui o chinês, o birmanês, o siamês, e o tibetano.
A diferença entre essas línguas e as línguas ocidentais é profunda, a relação das palavras entre si é expressa por métodos completamente diferentes. A gramática chinesa é diferente por natureza. É distinta e independente. Assim como toda a sua cultura.


SINAIS DOS TEMPOS
OUTROS GRUPOS DE LÍNGUAS
Há ainda outros grandes grupos de línguas.
Todas as línguas dos Ameríndios, que variam amplamente entre si, e são independentes de qualquer grupo do velho mundo
Há um grande grupo de línguas na África, que ocupam uma área entre um pouco acima do equador e a sua extremidade sul, o banto. Outro complexo de línguas ainda no centro do continente africano.
Existem também dois grupos, provavelmente distintos, as línguas dravidianas e as malaio-polinésicas espalhadas pela Polinésia e incluindo, hoje, algumas línguas indianas.

UM POSSÍVEL GRUPO PRIMITIVO DE LÍNGUAS

Os grupos principais de linguagem não eram de modo algum os começos da fala da Era Neolítica. Eram, antes as línguas sobreviventes que haviam vencido as suas predecessoras mais primitivas. Deve ter havido outros, possivelmente, muito outros centros de linguagem que se mostraram ineficazes e foram varridos pelas linguagens mais desenvolvidas.
Um grupo de linguagem que tem sido profundamente analisado é o grupo de dialectos bascos. Os Bascos vivem hoje nos declives do Norte e Sul dos Pirenéus. Constituem até hoje um povo vigoroso e de acentuada independência. A sua língua como existe hoje, é um idioma completamente desenvolvido. Mas desenvolvido em linhas completamente diferentes das que caracterizam as línguas indo-europeias.
Despojos antigos sugerem uma distribuição muito larga do povo e língua bascos em Espanha.
Por muito tempo a língua basca constituiu profunda perplexidade entre os eruditos.
“Julga-se” que este grupo pode estar ligado ao dravídiano da Índia e ás línguas dos povos de cultura heliolítica que se espalharam para leste, pelas Índias Orientais até à Polinésia.
Deve-se notar ainda, a possível existência de três perdidos grupos de línguas representados pelas:
1º Antigas línguas de Creta, da Lídia que poderão ter pertencido ao «grupo basco caucásico-dravídiano».
2º Línguas sumérias
3º Línguas elamitas.
 

HORIZONTES DA MEMÓRIA
 Já se supôs -mera conjectura – que o antigo sumério fosse a linguagem intermediária entre os grupos primitivos basco-caucásicos e os primitivos grupos mongólicos. Se isso é verdade, teremos então nesse grupo «basco-caucásico-dravidiano-sumério-proto-mongólico» um sistema de linguagem ainda mais antigo e mais ancestral que o fundamental camítico. Teremos qualquer coisa como o «intermediário linguístico», o «missing link», ou elo perdido linguístico,
Qualquer coisa de mais semelhante a uma língua ancestral do que tudo o que, se possa imaginar. Pode esse grupo relacionar-se com as línguas indo-europeias, semítica e camítica.

ALGUMAS LÍNGUAS ISOLADAS
A Língua hotentote é considerada como possuindo afinidades com as línguas camíticas, das quais se encontra separada pela grande extensão da África Central, onde se falam as línguas bantos.
É ainda falada na África Oriental e Equatorial, uma língua semelhante ao hotentote e com afinidades com a dos bosquímanos e isto confirma a ideia de que toda a África Oriental fosse, outrora, uma região de línguas camíticas.
Os povos e línguas bantos espalharam-se pelo Oeste da África Central, e separaram os Hotentotes dos povos camíticos.
Entre remotas e isoladas manchas de linguagem, encontram-se as língua papua do Nova Guiné, a australiana nativa, a tasmaniense, (já extinta).
A língua dos nativos parece perdida, restando apenas indicações imperfeitas da sua estrutura e uma pequena quantidade de palavras.

FONTE: WELLS H.G; HISTÓRIA UNIVERSAL


Coimbra, Agosto de 2011
Carminda Neves



2 comentários:

  1. Que coisa fantástica!

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  2. E a língua etrusca cujos vestígios materiais precários colocam muitas dificuldades de compreensão para os linguistas, a que grupo pertenceria?

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