sexta-feira, 29 de julho de 2011

A LUA E A AGRICULTURA

A Lua sempre foi considerada pelos agricultores como um precioso instrumento para orientar a vida no campo, desde o semear ao podar, do, colher ao regar.


Plantar uma Árvore
 Dizia a este propósito o meu pai, que para as sementeiras e as colheitas serem boas e abundantes, devia o agricultor semear pela Lua Nova.
O ano de 2011 traz-nos a lua nova: - em Janeiro, no dia quatro; - em Fevereiro, no dia três; - em Março, a quatro; - em Abril, a três; - em Maio, no dia dois; - em Junho por duas vezes, no dia um e no dia trinta; - em Julho a vinte e nove; - em Agosto a vinte e oito; - em Setembro, no dia vinte e seis; - o Outubro traz a Lua Nova a vinte e cinco; - o Novembro, a vinte e quatro; - e, em Dezembro a Lua Nova despede-se a vinte e quatro.
Contudo, devemos ainda observar um pequeno, mas muito importante pormenor, além da Lua Nova deve-se ter em atenção que esta deve estar, nos signos de: Touro, Caranguejo, Virgem, Balança e Capricórnio.

Jardins Suspensos de Babilónia
 Em 2011 deverá ter em conta que, a Lua Nova sob a influência de Capricórnio, será a quatro de Janeiro e a vinte e quatro de Dezembro; sob a influência de Touro será no dia dois de Maio; sob a influência de Caranguejo será no dia trinta de Junho; sob a influência de Virgem será a vinte oito de Agosto; e, sob a influência de Balança será no dia vinte e seis de Setembro. Deixo esta dica a todos os agricultores. Boas sementeiras e boas colheitas

Tirado de o: BORDA D`ÁGUA o Almanaque que o meu pai consultava
Coimbra, Julho de 2011-07-29
Carminda neves

sexta-feira, 22 de julho de 2011

AS PRIMEIRAS COISAS VIVAS


rochas em Portugal
      Não se sabe com segurança como começou a vida na terra.

     Os biólogos têm feito toda a casta de suposições. Parece, contudo, haver acordo geral quanto à hipótese de que a vida começou em água tépida e soalheira, possivelmente nos charcos e lagunas espalhadas ao longo das costas dos primeiros mares. A princípio, talvez, algo de informe como uma gelatina, um lodo ou alguma espécie de sub-vida que, lenta e imperceptivelmente, evoluiu até assumir as qualidades específicas da vida. Sobre nenhuma parte da terra se encontram presentemente as condições especiais, físicas e químicas, dentro das quais a vida pode, concebívelmente, haver surgido. Não se verifica presentemente nenhum novo começo de vida. Mas, com matéria inorgânica, pode obter-se algo como limos e camadas gelatinosas que parodiam, pálidamente, a estrutura e mesmo o desenvolver-se, o crescer das coisas vivas.
    Como o começo da vida foi, porém, um processo natural, algum dia provavelmente, será possível ao homem de ciência imitar e repetir o processo, Até que isto se consiga, o problema permanecerá, necessariamente, um problema especulativo.
    A atmosfera era extremamente densa nos dias do começo da vida: grandes massas de nuvens obscureciam continuamente o sol, tempestades frequentes enegreciam os céus. A Terra desses tempos, sacudida por violentas forças vulcânicas, era uma terra estéril, sem vegetação e sem solo. Varriam-na aguaceiros quase incessantes, ribeirões e torrentes arrastavam grandes cargas de sedimentos e areia para os  mares, onde se transformavam em lama, que endurecia depois em argilas, rochas e pedras arenosas.
    Os geólogos têm estudado a acumulação desses sedimentos, conforme se acham hoje, desde os mais primitivos até aos mais recentes.
    Encontram-se essas primeiras rochas sedimentares aflorando ainda, aqui e ali, à superfície da terra, seja por não terem sido recobertas por estratos superiores, seja por terem ficado novamente desnudadas, depois de sepultadas por tempos imemoriais, graças à erosão das rochas que as revestiam. Há, especialmente no Canadá, grandes superfícies dessas rochas à mostra. E apresentam-se sempre partidas e dobradas, parcialmente refundidas, recristalizadas, endurecidas e comprimidas, porem reconhecíveis ainda.

Período Paleozóico Primitivo
 Tais rochas, porque não contêm traços de vida, chamam-se azóicas (sem vida).
   Como porém, se encontram nessas primitivas rochas sedimentares uma substância chamada grafite (chumbo negro) e também um óxido de ferro vermelho e preto, para cuja constituição se afirma ser necessária a actividade de seres vivos, o que pode ser ou não o caso, alguns geólogos preferem chamar-lhes arqueozóicas (com vida primária). Admitem que a vida a princípio tomou a forma de simples matéria viscosa viva, em organismos revestidos de revestimento duro, ou esqueleto, ou qualquer estrutura capaz de se transformar em fóssil.Sobrepondo-se e cobrindo essas rochas azóicas, acham-se outras, também muito antigas e gastas, mas que contêm traços de vida. Esta segunda série de rochas, chamadas proterozóicas(do começo da vida), marca uma longa idade da História do Mundo.
     Revestindo as rochas proterozóicas, uma terceira série de rochas, nas quais é considerável o número e variedade de traços de coisas vivas: mariscos, caranguejos, vermes, ervas marinhas, peixes, e por fim, os primeiros vestígios de plantas e animais terrestres. Estas rochas chamam-se rochas paleozóicas (vida antiga). Registam uma extensa era, durante a qual a vida se foi, vagarosamente, espalhando, aumentando e desenvolvendo nos mares do nosso mundo.

Primeiros amfíbios paleozóicos
      Entre a formação dessas rochas da primeira parte do período paleozóico, em que a vida se resumia a pequenas coisas vivas (caranguejos, escorpiões etc) e o nosso tempo, decorreram inumeráveis idades, representadas por camadas e camadas de rochas sedimentares. São, primeiro, as rochas do último período paleozóico e, acima destas, duas grandes divisões novas. Imediatamente acima das paleozóicas vêm as rochas mesozóicas (vida média), um segundo grande sistema de rochas portadoras de fósseis, representando talvez vários milhões de anos e contendo grande riqueza de fósseis, ossos e répteis gigantes e coisas similares; e, acima destas, as rochas cenozóicas (vida recente), um terceiro grande tomo na História da vida, ainda não terminado, cuja última folha se completará quando a areia e lama conduzidas ontem para o mar pelos rios da terra tenham enterrado os ossos, barbatanas, corpos e cascos que se hão-de transformar nos fósseis das coisas de hoje.
      As marcas, os fósseis e as próprias rochas constituem os primeiros documentos históricos.
      A História da vida que o homem tem conseguido decifrar, por intermédio desses documentos é a História das Rochas.
     Mas quando chamamos às rochas e aos fósseis um registo histórico, não se deve supor que haja neles algo que lembre a conservação ordenada de um registo. A verdade é que tudo o que acontece deixa qualquer vestígio, contanto que sejamos suficientemente inteligentes para lhe descobrirmos o significado.

Herbert George Wells 1943
      As rochas não estão em camadas ordenadas convenientemente, umas sobre as outras, para a leitura humana. Não são como as páginas e os livros de uma biblioteca. Estão laceradas, rotas, interrompidas, estraçalhadas, desfiguradas, como um escritório descuidadamente arranjado depois de ter experimentado sucessivamente um bombardeamento, uma ocupação hostil, um saque, um terramoto, motins e incêndio. Por gerações sem conta, essa História permaneceu insuspeita sob os pés dos homens, Já os gregos jónicos, no séculoVI a. C., conheciam os fósseis. Em Alexandria, no século III a. C., discutinam-nos Eratóstenes e outros, discussão que se encontra resumida na geografia de Estrabão ( ?20-10.a.C.,). O poeta latino Ovídio  não lhes compreendeu a natureza. Julgou serem os primeiros esforços imperfeitos do poder criador. Autores árabes do século X registaram a sua existência. Leonardo da Vinci que viveu recentemente, isto é, nos princípios do século XVI (1452-1519), foi um dos primeiros europeus a penetrar no significado real dos fósseis. Mas, só nos últimos cento e cinquenta a duzentos anos é que o homem começou a laboriosa e sistemática tarefa de decifrar essas primeiras páginas esquecidas da História do seu mundo.

 Fonte: WELLS H.G.
          "The outline of History: Being a Plain History of Life and Mankind
            1º volume; págs: (20-36) Edição livros do Brasil, Lisboa
                    
 Coimbra, julho de 2011
                       Carminda neves

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SATURNO E 2011

CRONOS_SATURNO
O Ano de 2011 entrou a um Sábado, dia consagrado a Saturno (do latim saturnus), um planeta de movimento lento que leva cerca de 30 anos para completar a sua órbita. A sua hora é a primeira ao sair do sol e a oitava depois de ter saído. O metal de Saturno é o chumbo, lento e pesado; a sua luz é cinza; é frio e seco, melancólico e térreo, masculino e diurno; é inimigo da natureza. A mitologia greco-romana refere-se a Saturno como o pai do deus Júpiter. Na mitologia romana, é equivalente a cronos (titã da mitologia grega) filho de Úrano e Gaia, governante no mundo dos deuses e dos homens devorava os seus filhos à nascença pois de acordo com a profecia estes destruíam os seus poderes. Conta que um dia Zeus fugiu do seu destino e mutilou o pai com uma foice, tornando-se assim o deus supremo. O deus Saturno era para os romanos o deus da agricultura, das colheitas, da justiça e da força. Os romanos acreditavam que a origem de Roma se devia a Saturno, pelo que lhe construíram um templo no Capitólio. Anualmente por altura do solstício de Inverno, celebravam-se as festas populares em honra de Saturno (as saturnais). Estas festas duravam cerca de uma semana, em que todas as actividades eram suspensas, inclusive as militares; os inúmeros banquetes davam lugar a inevitáveis orgias, promovendo assim o ócio. Na mitologia Hindu, Saturno (San ou shan) é o juiz dos vários planetas e é ele que determina a trajectória de cada um, de acordo com as suas acções. Acultura chinesa e japonesa classifica-o como a estrela de Terra, enquanto que na cultura hebraica (shabbathaí) é anjo, inteligência e espírito benéfico.

ANEIS DE SATURNO
 Saturno segundo a lenda traz destruição, fome, carestia, inquietação, miséria, angústia e tristeza; tem domínio sobre os velhos, os caducos e solitários, os tristes e melancólicos.
QUE RICO 2011!.... E ESTA HEM?!.....

Fonte: BORDA D`ÁGUA!...Coimbra, Julho de 2011
       Carminda NEVES

terça-feira, 19 de julho de 2011

DR. ELYSIO DE MOURA

 

 Em Coimbra resta a “Avenida” e a “Casa de Infância”. A memória do psiquiatra e do primeiro Bastonário da Ordem dos Médicos vai-se esfumando aos poucos.

ELYSIO DE MOURA
Elysio de Azevedo e Moura nasceu em Braga, a 30 de Agosto de 1877, morreu 18 de Junho de 1977 dois meses antes de completar 100 anos). Encontra-se sepultado no cemitério de Monte d'Arcos em Braga. Filho, de José Alves de Moura, um bacharel formado em Teologia, professor e, mais tarde, Reitor do Liceu de Braga (actual Escola Secundária Sá de Miranda) e de Dona Emília da Costa Pereira de Azevedo e Moura. Foi o quarto de dez filhos deste casal, tendo sido o único que seguiu Medicina. Foi casado com Celestina de Araújo Salgado Zenha de Azevedo e Moura, natural do Rio de Janeiro, que viria a falecer no ano de 1945, não tendo existido filhos por parte do casal. Talvez, por isso, se possa explicar o facto de Elysio de Moura e sua esposa se dedicarem "de alma e coração", "não se pouparem aos maiores sacrifícios" para revitalizar a instituição "Asilo da Infância Desvalida" que, em 1967, passa a designar-se "Casa da Infância Doutor Elysio de Moura". Esta instituição recebia e recebe (hoje 34 anos depois da sua morte) crianças do sexo feminino, em situação de risco social, para serem "amparadas, tratadas e orientadas com todo o carinho, desvelo e cuidado" (cit. Testemunhos, 1778: 40) como o próprio Elysio de Moura fez referir no seu Testamento, elaborado a 25 de Abril de 1977.
Casa de Infancia Dr. Elysio de Moura
 Entrou na Universidade de Coimbra com quinze anos de idade e com o objectivo de estudar Matemática e Filosofia, Outros tempos e outras regras (1892). Obteve o grau de Bacharel em Filosofia

Inscreveu-se então na Faculdade de Medicina, frequentando o Curso de Medicina de 1895 a 1901. A 1 de Março de 1901 fez acto de licenciatura. Aprovado com distinção, é nomeado, em 1902, professor substituto da Faculdade de Medicina de Coimbra. Mais tarde, como professor catedrático, rege as cadeiras de Patologia Interna, Propedêutica Médica, Obstetrícia e Pediatria. Terá sido a regência das cadeiras de Patologia Interna e de Clínica Médica que motivou Elísio de Moura para o estudo de Neurologia e Psiquiatria. Em 1907, consegue, graças à sua notoriedade, dar início em Portugal ao ensino de Neurologia e Psiquiatria, na Universidade de Coimbra.

Algumas obras de Elysio de Moura

- "Demente que aos 77 anos testou, sem dar por isso, e que aos 79 casou... também sem dar por isso!"- Petição e réplica dos Advogados J.S. da Cunha e Costa e E.M. da Cunha e Costa, e pareceres médico-legais dos Exmºs Srs. Drs. Elysio de Moura, Marques dos Santos, Egas Moniz e Sobral Cid, 1924;

- Anorexia Mental. Acta Universitatis Conimbrigensis, 1947, 141p.

Origem:Wikipédia, a enciclopédia livre
            Sara Cristina Martins Lopes

 Coimbra Julho de 2011
                    Carminda neves

domingo, 17 de julho de 2011

TERRA, ESPAÇO, TEMPO

   Processou-se, nas últimas centenas de anos, um extraordinário alargamento das concepções humanas a respeito do universo em que o homem vive. Ao mesmo tempo, diminuiu-se-lhe, talvez, a importância como indivíduo. Aprenderam os homens que, não passam de partículas de um todo muito mais vasto, duradouro e admirável do que aquilo que podiam, sequer, suspeitar ou sonhar os seus antepassados.
H. G. WELLS
Para a mentalidade primitiva a terra é a parte plana do universo; o céu, uma abobada pela qual passam e repassam o sol, a lua e as estrelas, que regressam por qualquer misterioso atalho ou caminho subterrâneo. 
   Os astrónomos da Babilónia, como os astrónomos chineses, apesar dos muitos séculos de observação das estrelas, continuavam a supor que a terra fosse plana. Foi a cultura grega que primeiro logrou perceber claramente a forma esférico do mundo, mas, mesmo assim, não aprendeu de forma alguma a vastidão do universo. O globo da terra era o centro da existência; o sol, a lua, os planetas, as estrelas, moviam-se em volta desse suposto centro, em esferas cristalinas. Só no século XVI, a inteligência dos homens ultrapassou tal concepção, e Copérnico propôs a sua espantosa hipótese de que o sol, e não a terra, era o centro do sistema. E só com a invenção do telescópio por Galileu, nos princípios do século XVII, é que o ponto de vista de Copérnico se tornou geralmente aceite.
     O aparecimento do telescópio assinala, com efeito, uma nova fase do pensamento humano, uma visão nova da vida. É extraordinário que os Gregos, com a sua cultura penetrante e vivaz, nunca tenham compreendido as possibilidades, nem do telescópio, nem do microscópio. Nunca fizeram uso de lentes. E viviam, entretanto, num mundo em que o vidro era conhecido e em que há muito se sabia perfeitamente faze-lo. Rodeavam-nos frascos e garrafas de vidro, através dos quais observavam imagens deformadas e aumentadas das coisas.
     Mas a ciência na Grécia era pesquisada por filósofos aristocráticos, homens que, com as tardias excepções do engenhoso Arquimedes e de Hierão, tinham demasiado orgulho em aprender com simples artesões: como joalheiros e trabalhadores do metal ou do vidro.
    A ignorância é o primeiro castigo do orgulho. O filósofo não possuía habilidade mecânica, e o artesão nenhuma educação filosófica. Ficou assim para outra época, mais de mil anos depois, a tarefa de aproximar o vidro e o astrónomo. Coube a galileu fazê-lo e, desde então a astronomia e o telescópio não mais se separaram. Juntos, arrancaram das profundidades do espaço todo um véu de ignorância e falsas suposições. A ideia de que o sol era o centro do universo substitui a que atribuía essa posição ao globo da terra. Sabemos, agora, que o nosso sol não pode sequer incluir-se entre as estrelas maiores; não passa de um dos menores focos de luz.
    O telescópio libertou a imaginação humana como nenhum outro instrumento o fez jamais. Se algum aparelho teve influência comparável à sua, esse foi o espectroscópio, que se desenvolveu depois das descobertas de Fraunhofer, o artista do vidro, em 1814. O homem conhece o arco-íris desde que vive na terra, mas quem lhe diria que aquelas fitas de cor escondiam o segredo da possibilidade de se analisar a composição das estrelas? Ora, o espectroscópio, recebendo os raios de uma fonte luminosa, fá-los atravessar prismas quebra-os e divide-os em fitas matizadas como o arco-íris. Essas fitas de cor revelam, à observação, linhas transversais brilhantes e escuras que variam com o calor e com a composição química da fonte de luz e de quaisquer vapores que perpassem entre ela e o aparelho. E assim podem os homens, hoje, nos seus observatórios, analisar a composição e tirar a temperatura de estrelas que distam de nós incalculáveis biliões de quilómetros.
   A cortina que escondia os impenetráveis abismos das distâncias estelares foi encerrada nos três últimos séculos. Ainda mais recente, porém, é o nosso conhecimento da imensa duração
em tempo, do universo. Entre os povos antigos, só os filósofos indianos, ao que parece, tiveram a intuição das vastas idades da terra e da vida. No mundo europeu, até há pouco mais de um século e meio, as ideias dos homens a respeito do período de duração das coisas eram de que o universo datava de ontem.
Na História Universal publicada por um sindicato de editores de Londres, em 1779, afirmava-se que o mundo tinha sido criado no ano de4004 a. C., e (com amável exactidão) no equinócio do Outono, segundo tal obra coroada pela formação do homem no Éden, à margem do rio Eufrates, exactamente a dois dias de viagem acima do Basra. O crédito dado a tais assertos provinha da interpretação literal da narrativa bíblica. São poucos hoje, mesmo entre os mais sinceros crentes na inspiração bíblica, aqueles que aceitam tais afirmações como positivas.
   Foram a geologia e, especialmente, a paleontologia que romperam com essa barreira de tempo e rasgaram, para além do pequeno ontem de menos de seis mil anos, vários milhões desses ontens. Duas series de factos, frequentemente observados, vinham com efeito chamando, desde antes do século XVIII, a atenção dos homens. As rochas apresentam, habitualmente, grandes espessuras sedimentares que só poderiam ter sido acumuladas em longos períodos de tempo. Em muitos casos, essas estratificações mostram-se dobradas, contorcidas e violentadas de modo a sugerir, inevitavelmente, a actuação de enormes forças que tivessem operado em prolongados períodos de tempo. Além dessas estratificações, obrigava os homens a reflectir sobre a antiguidade do mundo a existência de fósseis similares, mas não precisamente iguais, aos ossos e crânios e outras partes resistentes das espécies actuais.
     No século XVIII, esses estratos e fósseis começaram a ser estudados sistematicamente, generalizando-se, no século XIX, o reconhecimento da importância daquelas acumulações para se aferir a antiguidade da terra. Foi grande a polémica para estabelecer a autoridade da História das Rochas contra os preconceitos daqueles para quem a interpretação literal da bíblia era preciosa e imprescindível. Muitos homens conhecidos na época, tomaram parte nessa grande emancipação do espírito humano.
Gradualmente, as perspectivas da humanidade transformaram-se e alargaram-se. Duzentos ou trezentos anos atrás, a imaginação da espécie tinha um cenário de seis mil anos. Agora que a cortina se levantou, os homens contemplam um passado de centenas de milhões de anos.
Fonte:
WELLES H. G; História Universal 1º volume; pags. 15, 30, 109
                         EDIÇÃO LIVROS DO BRASIL
                   
                     Coimbra, Julho de 2011
                             Carminda Neves

sexta-feira, 15 de julho de 2011

HERMANN HESSE

Nasceu a 2 de Julho de 1877, na Alemanha, e morreu a 9 de Agosto de 1962, na Suíça. Distinguido, em 1946, com o Nobel da literatura, tornou-se uma verdadeira figura de culto, uma referência universal ancorada na exaltação que faz do individuo e na celebração de um certo misticismo oriental. Peter Camenzind, o seu primeiro romance, data de 1904. Uma visita à Índia fê-lo descobrir uma cultura e modos de sentir que o fascinaram:
Siddhartha (1922) foi o resultado prático dessa experiencia, sendo o seu livro mais lido em todo o mundo.
Actualmente, as referências ao Buda referem-se em geral a Siddhartha Gautama, mestre religioso e fundador do Budismo no século VI antes de Cristo. Ele seria, portanto, o último Buda de uma linhagem de antecessores cuja história se perdeu no tempo. Conta a história que ele atingiu a iluminação durante uma meditação sob a árvore Bodhi, quando mudou seu nome para Buda, que quer dizer "iluminado".
 Hermann Hesse
Suponho que esta obra de Hermann Hesse foi inspirada em toda a vida do primeiro BUDA. Em toda narrativa o nome da personagem principal é: Siddhartha Gautama.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o escritor, refugiou-se na Suíça, país neutro, onde adquiriu a nacionalidade em 1923. Entre os seus romances, incluem-se: O Lobo das Estepes
(1927), Narciso e Goldmundo (1930) e O Jogo das Contas de Vidro (1943).
Explorando sempre o dualismo entre a vida activa e a atitude contemplativa, Hermann Hesse é a par de Thomas Mann e Franz Kaflca um dos nomes maiores das letras germânicas do século xx.
Não resisto, e deixo a acompanhar a este pequeno apontamento da vida de Hermann Hesse,
Uma passagem da sua maravilhosa obra, SIDDHARTHA, (uma das mais belas que já li)

SIDDHARTHA

Na penumbra da casa, ao sol nas margens do rio, junto aos barcos, à sombra do bosque, à sombra das figueiras, cresceu Siddhartha, o belo filho do brâmane, o jovem falcão, na companhia de Govinda, o seu amigo, o filho do brâmane. O sol queimava os seus ombros claros nas margens do rio, durante o banho, durante as abluções sagradas, durante os sacrifícios sagrados. As sombras do mangal corriam pelos seus olhos negros durante as brincadeiras infantis, durante as canções de sua mãe, durante os sacrifícios sagrados, durante os ensinamentos de seu pai, o erudito, durante o discurso dos sábios. Havia já muito tempo que Siddhartha participava nas conversas com os sábios, que treinava com Govinda a retórica, que treinava com Govinda a arte da contemplação, a prática da meditação. Já sabia pronunciar silenciosamente o Om, a palavra das palavras; deixava-o penetrar silenciosamente em si com a inspiração, exalava-o silenciosamente com a expiração, com a totalidade da sua alma, a fronte envolta no brilho do espírito lúcido. Já reconhecia Atman no fundo do seu ser, imperecível, uno com o universo.
Assim Siddhartha era amado por todos. A todos alegrava, a todos tornava felizes.
Mas ele, Siddhartha, não se alegrava, não era feliz
Siddhartha começara a alimentar em si a infelicidade.
Começara a sentir que o amor de seu pai, o amor de sua mãe e o amor do seu amigo Govinda, não o poderiam tornar feliz para todo o sempre, não poderiam apaziguá-lo, saciá-lo, satisfazê---lo. Começara a pressentir que o seu honrado pai e os seus outros mestres já haviam partilhado com ele a maior e melhor parte da sua sabedoria, deitado tudo o que tinham para dentro do recipiente ansioso que ele era, e o recipiente não estava cheio, o espírito não estava satisfeito, a alma não estava aquietada, o coração não estava pacificado. As abluções eram boas, mas eram água, não lavavam os pecados, não saciavam a sede do espírito, não acabavam com os temores do coração. É necessário encontrar a Fonte Primordial no fundo do Eu, possuí-la em nós mesmos! Tudo o resto era demanda, era desvio, era erro.
Estes eram os pensamentos de Siddhartha, esta era a sua sede, esta era a sua dor. Muitas vezes o mundo celestial parecera-lhe perto, mas nunca o conseguira alcançar, nem conseguira saciar a sua derradeira sede.
- Govinda - disse Siddhartha ao seu amigo - , Govinda, vem comigo para debaixo da figueira de – bengala, vamos meditar.
Foram para junto da figueira - de – bengala, sentaram-se no chão, aqui Siddhartha, Govinda afastado vinte passos. Enquanto se sentava, pronto a pronunciar o Om, Siddhartha murmurava os versos:

«Om é o arco, a flecha é a alma,
O Braman é o alvo da flecha,
O alvo que devemos atingir»,

Quando o tempo habitual da meditação se esgotou, Govinda ergueu-se.
À noite depois da hora da contemplação, Siddhartha disse a Govinda:
- Amanhã cedo, meu amigo, Siddhartha irá ter com os samanas. Siddhartha tornar-se-á um samana.
Govinda empalideceu, ao ouvir estas palavras, e no rosto imóvel do seu amigo leu a determinação, impossível de desviar do seu curso como a flecha lançada por um arco.
- Siddhartha – exclamou – irá teu pai permitir-te tal?
Siddhartha entrou na câmara onde estava seu pai, sentado sobre uma esteira de ráfia;
Colocou-se atrás de seu pai e ficou de pé, até este sentir que alguém estava atrás dele. Falou o brâmane:
- És tu, Siddhartha? Diz, então, aquilo que tens para dizer.
Disse Siddhartha:
- Com a tua permissão, meu pai. Vim para te dizer que é meu desejo deixar a tua casa, amanhã, e juntar-me aos ascetas. Tornar-me um samana, esse é o meu desejo. Espero que o meu pai não se oponha.
O brâmane ficou silencioso, permaneceu silencioso por tanto tempo que na pequena janela as estrelas se deslocaram e a sua configuração se alterou, antes que o silêncio na câmara chegasse ao fim. O filho permaneceu de pé, com os braços cruzados, mudo e imóvel, o pai permaneceu sentado sobre a esteira, mudo e imóvel, e as estrelas cruzaram o céu. Então o pai falou:
- Não quero ouvir tal pedido, uma segunda vez da tua boca.
Lentamente, o brâmane ergueu-se; Siddhartha continuava silencioso e de braços cruzados.
- Por que esperas? – Perguntou o pai.
Disse Siddhartha:
- Tu o sabes.
Indignado, o pai saiu da câmara. Indignado, dirigiu-se ao seu leito e deitou-se.
Uma hora mais tarde, porque o sono não vinha aos seus olhos, o brâmane levantou-se, caminhou para trás e para diante, saiu de casa. Olhando através da pequena da câmara viu Siddhartha, de pé, com os braços cruzados, imóvel. O seu trajo claro resplandecia de brancura. Com o coração inquieto, o pai voltou para o seu leito.
Uma hora mais tarde voltou, viu Siddhartha, imóvel, com os braços cruzados.
E voltou uma hora mais tarde, e voltou duas horas mais tarde. E voltou a cada hora que passou, silencioso, olhou para a câmara, viu o homem de pé, imóvel, encheu o seu coração de ira, encheu o seu coração de inquietação, encheu o seu coração de medo, encheu o seu coração de dor.
E na última hora da noite, antes do início do dia, voltou, entrou na câmara, viu o jovem em pé, que lhe pareceu grande e distante.
- Siddhartha – disse ele -, porque esperas?
- Tu o sabes.
- Quererás tu esperar em pé, até chegar o dia, a tarde, a noite?
- Esperarei, de pé
- Ficarás cansado, Siddhartha.
- Ficarei cansado.
- Adormecerás, Siddhartha.
- Não adormecerei.
- Morrerás, Siddhartha.
- Morrerei.
- E preferes morrer, a obedecer a teu pai?
- Siddhartha obedeceu sempre a seu pai.
- Estarás disposto a renunciar ao teu propósito?
- Siddhartha fará o que o seu pai lhe disser.
O primeiro brilho do dia caiu na câmara. O brâmane viu que os joelhos de Siddhartha tremiam ligeiramente. Mas no rosto de Siddhartha não viu qualquer tremor; ao longe brilhavam os seus olhos. Então o pai compreendeu que Siddhartha já não se encontrava junto a ele, na sua terra, que já o tinha deixado.
O pai tocou o ombro de Siddhartha.
- Tu queres – disse ele -, ir para a floresta e ser um samana. Se encontrares a bem – aventurança na floresta, volta e ensina – me a bem – aventurança. Se encontrares a desilusão, então volta e voltaremos a oferecer sacrifícios aos deuses juntos.
Ao deixar a cidade ainda adormecida, à primeira luz da manhã, com as pernas entorpecidas, ergueu – se da última cabana uma sombra, que ali estava acocorada, e aproximou – se do peregrino – Govinda.
- Vieste – disse Siddhartha, sorrindo.
- Vim – disse Govinda.

Fonte


HESSE, Hermann; Siddhartha, primeira parte; págs 11a 20
Edição: 13ª. Editora: Casa das Letras/ Editurial Noticias

                    Coimbra, Julho
                  Carminda Neves

terça-feira, 12 de julho de 2011

Codex Calixtinus / Códice Calixtino



Códice Calixtino,
 NOTICIA                                                   

Desaparece o Códice Calixtino

O Códice Calixtino, uma das jóias da Catedral de Santiago de Compostela, desapareceu do Arquivo da catedral, onde se encontrava guardado sob restritas medidas de segurança devido ao seu valor incalculável.
A obra, composta por cinco livros e escrita no século XII pelo monge cluniacense Aymerico Picaud, recolhe a tradição das peregrinações que se realizam há séculos até Compostela e o conteúdo da famosa Rota Jacobina. Além disso, também relata os costumes dos peregrinos, os países, os milagres e os sermões do Apóstolo Santiago e outras referências.
A Polícia já foi informada do furto e iniciou uma investigação que se estende por toda a Espanha.

Fonte: Canal História

História
 
O Liber Sancti Jacobi, também referido como Códex Calixtinus ou Códice Calixtino (Santiago de Compostela, Arquivo da Catedral, s.n.), é um manuscrito iluminado de meados do século XII
O códice constitui-se numa colectânea de textos em latim reunidos em Compostela nos anos finais do arcebispado de Diego Gelmírez, que visava servir como promoção daquela Sé. Embora apresentado em sua origem como sendo da autoria do Papa Calixto II, na realidade foi redigido por vários autores no período entre 1130 e 1160 e caracteriza-se pelo correcto latim empregado e por seu elevado valor literário.
O exemplar mais antigo – conservado na Catedral de Compostela –, é datado entre 1150 e 1160, e constitui-se na cópia de um exemplar modelo. A cópia realizada pelo monge Arnaldo de Monte em 1173 é conhecida como "manuscrito de Ripoll" e conserva-se actualmente em Barcelona.
Parte do manuscrito foi traduzido para o galego no primeiro terço do século XV, onde ficou conhecido como "Milagres de Santiago"", e recolhe partes da "Historia Caroli Magni" e do Guia do Peregrino.
Foi impresso pela primeira vez em 1882, numa edição feita por Fidel Fita.
O códice sofreu intervenção de restauração em 1966, ocasião em que lhe foi reincorporado o Livro IV, que dele havia sido destacado em 1609.
O códice divide-se no total em cinco livros, e compõe-se 225 fólios a dupla face com as dimensões de 295 x 214 mm. Cada fólio contém, em geral, uma única coluna de 34 linhas

Livros


Livro I

O primeiro livro, sob o título "Anthologia litúrgica", compreende até ao fólio 139. É o mais extenso do códice, e possui carácter litúrgico. Consiste numa antologia das humílimas, cantos litúrgicos, cantos de peregrinos e de sermões em homenagem ao apóstolo Santiago que se celebravam na catedral de Santiago. O sermão "Veneranda deis", cerne do livro, mostra o sentido e a valorização da peregrinação a Santiago.

Livro II

O segundo livro, "De miraculi sancti Jacobi" ("Milagres de Santiago"), compreende do fólio 139 ao 155. É uma compilação de 22 milagres atribuídos a Santiago, ocorridos em diversas partes da Europa, em especial no percurso do Caminho de Santiago

Livro III

O terceiro livro, "Liber de translatione corporis sancti Jacobi ad Compostellam", compreende os fólios 156 ao 162. Nele se relata a evangelização do apóstolo Santiago na Hispânia e a transladação do seu corpo.

Livro IV

O quarto livro, "Historia Karoli Magni et Rothalandi", compreende os fólios 163 ao 191. Narra a história de Carlos Magno e de Rolando na Hispânia em um tom épico e fantástico. Conhecido como a "crónica pseudo-Turpin", por ter sido atribuída ao bispo Turpin de Reims, mostra um Carlos Magno descobridor da tumba do apóstolo Santiago e criador dos inícios da peregrinação a Compostela e da sua igreja.
Foi o livro mais difundido do Códice Calixtino, com mais de 250 cópias conhecidas na Idade Média em toda Europa e que serviu de inspiração a vários cantares de gesta feitos na França e Itália

Livro V

Ao quinto livro, "Iter pro peregrinis ad Compostellam", conhecido como Guia do Peregrino de Santiago de Compostela compreende os fólios 192 ao 213. Atribuído a Aymeric Picaud, autor de Parthenay-le-Vieux (Poitou), foi escrito entre os anos 1135 e 1140. O texto é um conjunto de conselhos práticos para os peregrinos, baseado no próprio percurso do autor, com os lugares onde descansar, qualidade das águas, as relíquias a venerar, as gentes e cidades do caminho ou os santuários a visitar antes de chegar à catedral de Santiago de Compostela

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Julho de 2011
Carminda Neves



sábado, 2 de julho de 2011

1º Encontro Inter-Geracional do Município de Coimbra


Algumas Pessoas da Assistência


No dia 30 de Junho, realizou-se no Parque Manuel Braga, em Coimbra, entre as 10.00h e as 17.00h. o “1º Encontro Inter-Geracional do Município de Coimbra”,

Esta actividade teve como público-alvo os utentes das IPSS do concelho de
Coimbra com respostas sociais de Centro de Convívio, Centro de Dia, Serviço
de Apoio Domiciliário e Lar e as crianças dos Jardins de Infância da Rede
Solidária do concelho de Coimbra.
Prof. Leonor Mamede e Aluna helena
Refiro aqui algumas das actividades apresentadas durante o encontro
* Animação Recreativa e lúdica (Jogos tradicionais, Karts a pedais,
insufláveis, danço terapia, oficinas de trabalho)

* Actividades na área da Saúde (Sessões de educação para a saúde e
rastreios a cargo da ARS Centro)

* Animação desportiva (Departamento de Desporto da CMC)

* Houve Almoço partilhado

* Apresentação de Danças de salão pelo Grupo da Apósenior, Universidade Sénior de Coimbra, do qual eu faço parte. Este grupo tem como professora a Dra. Leonor Mamede, que esteve presente com os alunos: Anabela, Helena, Adélia, Carminda, Armandino, Zé Augusto, D.J. ,Sr. Mário. Da valsa, passando pelo tango, ao quisomba assim se dançou.
Elogio a C.M.C. pela sua iniciativa, se ela fez alguém feliz ainda que só por um dia. Então, valeu a pena e deve continuar ainda que seja uma vez por ano.
A  Aluna Helena da Apósenior dança a valsa com Sr Dr.L. Filipe Silva da Rede Social de Coimbra Conselho Local de Acção Social Câmara Municipal de Coimbra Divisão de Acção Social e Família.
          Coimbra, 2-7-2011
Carminda