SAGE: (Aquele que alia a virtude à
sabedoria; aquele cujos juízos e cujo comportamento são inspirados e governados
pela retidão de espírito, pelo bom senso; aquele que só estima os verdadeiros
bens e, por isso, vive sem as ambições, as inquietações e as deceções que
perturbam a existência do homem comum)
Pirro de Élis (ca. 360 a.C. — ca. 270 a.C. foi um filósofo grego, nascido
na cidade de Élis, considerado o primeiro filósofo cético e fundador da escola
que veio a ser conhecida como pirronismo.
Pirro, viajou com Alexandre, o Grande nas suas explorações no
oriente, e estudou na Índia com os gimnosofistas:
(as raízes orientais do
ceticismo pirrônico) e Magi na Pérsia: (Linha
sacerdotal hereditária na Pérsia), adotou da filosofia oriental uma vida de
reclusão. Voltando a Elis, viveu pobremente, mas foi muito reconhecido pelos
habitantes de Elis e também pelos atenienses, que lhe concederam a cidadania.
Diz-se que Pirro era tão cético que isso o teria levado a agir
de maneira insensata. Segundo Diógenes Laércio, não se guardava de risco algum
que estivesse em seu caminho, carroças, precipícios ou cães. Certa vez, quando
Anaxarco caiu em um poço, Pirro manteve-se imperturbável, conforme a sua filosofia,
não socorrendo o mestre. "Filosofava segundo o discurso da suspensão do
juízo, mas que não agia de maneira inaudita". Parece confirmar essa
observação o fato de Pirro ter vivido até os 90 anos.
PIRRO de ÉLIS |
O mundo é vão, ilusório, caduco, frágil, instável, nulo.
Portanto, a autentica atitude do homem perante este mundo irreal não implica
qualquer opinião sobre ele, qualquer inclinação para este ou aquele aspeto,
qualquer agitação por ele determinada: é ataraxia («imperturbabilidade»), afasia
(«o não falar», «o não julgar»), epoché («a suspensão do juízo»), e apatia
(« a ausência de paixões»). A atitude dos sábios orientais que Pirro havia
encontrado na Índia.
A felicidade nasce
desta absoluta indiferença pelo mundo, a qual «despe completamente o homem» da
sua humanidade e o faz encontrar nele próprio a vida do divino e do
bem. Se verdadeiramente se abandona toda a opinião acerca do mundo, é
então radicalmente modificada também a sensibilidade e as sensações perdem essa
intensidade que é devida à memória, à expectativa, ao medo do futuro. O Sage
pode, pois, ser feliz mesmo entre aquilo a que os homens chamam «os tormentos
mais atrozes». Prazer, dor, riqueza, miséria, gloria, ignomínia, saúde, doença,
vida, morte são-lhe absolutamente indiferentes. Ele é feliz e indiferente ao mundo,
tal como é feliz e indiferente ao mundo o Deus de Aristóteles.
Também Sócrates afirmou que o verdadeiro bem é o da alma, da
qual o corpo é «cárcere»; e viveu da acordo com este seu saber; mas Sócrates
suporta a dor e o mal do mundo – como depois fará também Jesus Cristo: já Pirro
os não suporta, porque não apenas ele sabe que não têm realidade, como os
vive como irreais, do mesmo modo sabe e vive como irreais todos os aspetos do
mundo.
Fonte: SEVERINO, Emanuel: A FILOSOFIA ANTIGA; CAPITULO XI, 3;
edições 70
FOTOGRAFIA
TIRADA DA NET
Coimbra, Março de 2017
Carminda Neves
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