sábado, 3 de setembro de 2016

Morre Sozinho em Viagem Entre Hospitais





Um idoso morreu, anteontem de manhã, ao ser transferido da Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) para a do Hospital dos Covões, numa ambulância onde seguia o motorista e um assistente operacional.
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) alega que, pela avaliação feita ao doente antes daquela viagem , não se justificava o seu acompanhamento por um médico ou enfermeiro. Para a Ordem dos Médicos, o caso é, em si, “um exemplo da “barbárie que foi fecharem a Urgência dos Covões” à noite e ao fim de semana.
José, de 90 anos, residia em Montemor-o-Velho, numa área de influência dos Covões. Segunda-feira à noite, estava com delírios e, sofrendo de insuficiência respiratória, a família decidiu levá-lo à Urgência. Mas como a fusão hospitalar de 2012 reduziu o Serviço de Urgência dos Covões a cinco dias por semana e só no horário das 9 às 20 horas, o idoso foi levado para os HUC. Entrou aqui às 00.11 horas de terça-feira.
Pela manhã, foi decidido transferir José. Como sucede todos os dias a muitos doentes. (Questionado, o CHUC não esclareceu quantos). O JN também perguntou ao presidente da administração, Martins Nunes, pelos critérios da transferência, mas a resposta veio do Serviço de Urgência do CHUC (que integra a Urgência dos HUC e a dos Covões), dirigido por Isabel Fonseca, e não foi esclarecedora. Sustentou que entre HUC e Covões “ocorrem as transferências necessárias, de acordo com regulamento interno” (o JN pediu este regulamento, mas não teve resposta). A razão daquelas transferências será descongestionar a Urgência dos HUC.
Antes da viagem de José para os Covões – perto de uma dezena de quilómetros, que podem demorar uns 15 a 20 minutos, consoante o trânsito – , um médico fez a avaliação clínica do doente e concluiu que o transporte podia ser feito “em ambulância normal com equipa constituída por um tripulante, sem necessidade de acompanhamento médico ou de enfermagem”. Além do motorista, seguiu um assistente operacional, que só terão dado conta da morte do doente ao chegarem aos Covões pelas 9.48 horas.
O presidente do Concelho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, não se sente com informação suficiente para comentar o transporte sem médico ou enfermeiro, mas critica a situação de fundo: “É má solução os doentes andarem sempre a viajar de um lado para o outro”, diz, afirmando que também há transferência dos Covões para os HUC, por aquele polo de Urgências ter perdido, em 2012, especialidades.
De resto, observa que a frota de ambulâncias que faz aquele transporte “precisa de uma renovação”.
Fonte: Jornal de Notícias (edição impressa)
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carminda neves em setembro de 2016

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