quarta-feira, 3 de junho de 2015

AMAR É ARRISCAR TUDO.


O amor é algo extraordinário e muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal, não está ao alcance de todos, muito poucos o mantêm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos até ao seu contrário: o egoísmo.
A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negocio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortável.
Amar é dar a vida a um outro. A sua. A única. Arriscar tudo. Tudo. A magnífica beleza do amor reside na total ausência de planos de contingência. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.
Não é por respirar que estamos vivos, mas é por não amar que estamos mortos.
De pouco vale viver uma vida inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos, não é para nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê nem para quê. Sim, de mãos abertas. Sim… porque, ainda além de tudo o que existe, há um mundo onde vivem para sempre os que ousaram amar…

FONTE: José Luís Nunes Martins,
In “Filosofias- 79 Reflexões”.
Texto tirado da revista “Olhares” Centro Cirúrgico de Coimbra

Coimbra, junho de 2015

Carminda Neves                             

Sem comentários:

Enviar um comentário