O amor é algo extraordinário e
muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal, não está ao alcance de
todos, muito poucos o mantêm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os
seus fingimentos até ao seu contrário: o egoísmo.
A banalidade do gosto de ti
porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negocio
estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos
aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando
esta parece tão confortável.
Amar é dar a vida a um outro. A sua.
A única. Arriscar tudo. Tudo. A magnífica beleza do amor reside na total ausência
de planos de contingência. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali,
desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o
com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do
amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em
que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam.
Não é por respirar que estamos
vivos, mas é por não amar que estamos mortos.
De pouco vale viver uma vida
inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos, não é para
nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê nem para quê. Sim, de
mãos abertas. Sim… porque, ainda além de tudo o que existe, há um mundo onde
vivem para sempre os que ousaram amar…
FONTE: José Luís Nunes Martins,
In “Filosofias- 79 Reflexões”.
Texto tirado da revista “Olhares” Centro Cirúrgico de
Coimbra
Coimbra, junho de 2015
Carminda Neves
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