TRAIÇÃO
Do latim
traditĭo, a traição é o erro que quebra a lealdade ou a fidelidade que se
deveria guardar para com alguém ou algo. Consiste em renegar, seja através de
ações ou de dizeres (palavras), um compromisso de lealdade.
AMIZADE
Amizade
verdadeira é aquela que existe entre pessoas, entre pessoas e animais, onde um
pode confiar no outro acima de qualquer coisa.
A história e
a literatura estão cheias de exemplos de grandes amizades: Sherlock Holmes e
Watson, Dom Quixote e Sancho Pança, John Lennon e Paul McCartney… Mas nem
sempre a lealdade prevalece e alguns casos tiveram um desfecho trágico. Conheça
grandes traições que marcaram relações aparentemente inabaláveis.
TRAIÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA
A primeira
grande traição da História, está relatada na Bíblia: (simbólica ou não) é a de
Eva e Adão, quando traíram Deus, ao comer o fruto proibido! Resultado: a
humanidade foi expulsa do Paraíso e condenada a viver num verdadeiro inferno:
com guerras, fomes, diferenças sociais, etc. Reparemos que só os humanos vivem
estas situações, os restantes seres vivos do universo nosso conhecido são
inocentes.
Outra grande
traição que continua a ser relatada na Bíblia: Judas Iscariotes, um dos 12
apóstolos de Jesus Cristo, é o traidor mais famoso de todos os tempos. Tanto
que seu nome virou sinónimo de traidor. Por 30 moedas de prata ele entregou
Jesus aos romanos. Depois da última ceia, Judas o beijou no rosto, o sinal que
havia combinado com os soldados romanos. O fim da história toda conhece: Jesus
foi crucificado. Judas terá- se arrependido e suicidou-se. Covarde como era,
escolheu uma morte rápida (enforcou-se). A ironia é que esta traição, talvez
tenha sido, na verdade, a maior prova de amizade: ao trair Jesus, Judas teria
sido o único apóstolo a ajudá-lo a cumprir com seu destino.
Outra grande traição Marcus Junius Brutus,
membro da aristocracia romana, lutou contra César ao apoiar Pompeu Magno nas
guerras civis romanas, mas foi posteriormente perdoado e nomeado pretor, como
favorecido de Júlio César. Contudo, a lealdade do general romano não durou
muito tempo: ele conspirou com Cassius, outro general, para a morte do
imperador. Numa reunião do Senado, César foi apunhalado, caindo aos pés da
estátua de Pompeu. Suas últimas palavras teriam sido “Tu também, meu filho?”,
(Brutus era filho adotivo de César) ao referir-se a Brutus. A versão mais
conhecida veio da peça de Shakespeare: “Até tu, Brutus?”.
Outra grande traição ocorre na Lusitânia
quando esta foi ocupada pelos romanos. Roma cansada de derrotas, envia novo
general, Servílio Cipião. Este renova os combates com Viriato, mas este mantém
superioridade militar e força-o a pedir uma nova paz. Envia, neste processo,
três comissários de sua confiança (lusitanos que se venderam a Roma) Audas, Ditalco e Minuros. Cipião recorreu ao
suborno dos companheiros de Viriato, que assassinaram o grande chefe enquanto
dormia. Um desfecho trágico para Viriato e os lusitanos, e vergonhoso para
Roma, superpotência da época, e que se intitulava arauto da civilização.
A traição
está entre os capítulos mais sombrios - e saborosos - da História ocidental. A
própria Bíblia cita vários casos, além dos casos citados acima temos a traição
do primogênito de Adão e
Eva, Caim ficou enciumado da predileção de Deus por seu irmão mais novo. Levou
Abel para um campo deserto, onde o matou. Tratado de não-agressão
germano-soviético. O pacto estabelecia que a Alemanha nazista de Hitler e a
URSS de Stelina não iriam interferir uma na outra em termos bélicos até que, em
1941, sem grandes explicações, Hitler atacou os russos na Operação Barbarossa.
A URSS, após tamanha traição, entrou de vez na guerra ao lado dos Aliados. O
resto é história conhecida. Enfim. Há tantas histórias de amizade e traição,
sim! Porque para haver traição, tem de ter havido amizade ou pseudoamizade. A palavra
"traição", mudou de sentido ao longo do tempo. "Hoje ela é acima
de tudo um crime contra o Estado. Mas nem sempre foi esse o caso" Trair
começou a ganhar status laico e
jurídico na Roma antiga. Segundo o historiador do direito Simon Hirsch, os
romanos inventaram o conceito de crimen maiestatis (lesa-majestade) para atos
contra a soberania de Estado, o que incluía excentricidades como destruir a
estátua do imperador.
Mas a traição também existe entre as pessoas
comuns, que não hesitam em servir-se de um amigo enquanto o consideram útil, e
dar-lhe um pontapé quando já não o é. Todos nós já fomos vítimas de traição,
por aquelas pessoas que considerávamos as nossas melhores amigas. Sim! Essas mesmas
por quem até daríamos a vida
O escritor e jornalista Baptista Bastos disse
uma frase, que eu considero extraordinária, no programa INESQUECÍVEL da RTP 1,
com Júlio Isidro. Vejamos: “NÃO HÁ ATO
MAIS SÓRDIDO E REPUGNANTE DO QUE TRAIR UM AMIGO”. Como eu concordo com esta
frase! Obrigada Baptista Bastos por a dizer num programa público.
Armando
Baptista-Bastos (Lisboa, 27 de Fevereiro de 1934) é um jornalista e escritor
português.
Estudou na
Escola de Artes Decorativas António Arroio e no Lycée Français Charles
Lepierre, em Lisboa. Iniciou a sua carreira profissional na redação de O Século
passando, de seguida, a subchefe de redação de O Século Ilustrado. Foi redator
de outros jornais, como O Diário, República, Europeu, Almanaque, Seara Nova,
Gazeta Musical e Todas as Artes, Época, Sábado e Diário Popular, onde permaceu por
duas décadas. Foi correspondente da Agence France-Presse, em Lisboa. Assinou
ainda várias colunas no Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre e, como
crítico, colaborou com o Jornal de Letras, Artes e Ideias, o Expresso, o Jornal
do Fundão, o Correio do Minho e o Diário Económico. Fundou ainda o semanário O
Ponto, periódico que registou uma série de entrevistas semanais. Na rádio leu
as suas crónicas, nomeadamente na Antena 1 e na Rádio Comercial. Atualmente é
colunista do Diário de Notícias e do Jornal de Negócios.
Na televisão
deu-se a conhecer como apresentador, na década de 1990, do programa Conversas
Secretas na SIC. A convite do jornal Público, realizou uma série de dezasseis
entrevistas sob a designação «Onde é que você estava no 25 de Abril?», posteriormente
editadas em CD-ROM.
RTP 1
Coimbra, Janeiro de 2015
Carminda Neves