É o quinto maior rio português e o primeiro de todos os que
têm o seu curso inteiramente em Portugal. Nasce na Serra da Estrela e tem a sua
foz no Oceano Atlântico, junto à cidade da Figueira da Foz. É o rio que banha a
cidade de Coimbra.
Aspetos físicos e naturais
Tem um comprimento total de 258 quilómetros. A sua nascente
situa-se na Serra da Estrela, no sítio de Corgo das Mós (ou Mondeguinho),
freguesia de Mangualde da Serra, concelho de Gouveia, a uma altitude de cerca
de 1525 metros. No seu percurso inicial, atravessa a Serra da Estrela, de
sudoeste para nordeste, nos concelhos de Gouveia e Guarda. A poucos quilómetros
desta cidade, junto à povoação de Vila Cortês do Mondego, atinge uma altitude
inferior a 450 metros. Nesse ponto, inflete o seu curso, primeiro para noroeste
e depois, já no concelho de Celorico da Beira, para sudoeste.
Aqui se inicia o seu curso médio, ao longo do planalto
beirão, cortando rochas graníticas e formações metamórficas. Depois de
atravessar o concelho de Fornos de Algodres, o rio Mondego serve de fronteira
entre os distritos de Viseu, a norte, e da Guarda e de Coimbra, a sul. Assim,
delimita, na margem norte, os concelhos de Mangualde, Seia, Nelas, Carregal do
Sal, Santa Comba Dão e Mortágua, enquanto que na margem sul serve de limite aos
concelhos de Gouveia, Oliveira do Hospital, Tábua, Penacova e Vila Nova de
Poiares.
Entre Penacova e Coimbra, o rio percorre um apertado vale,
num trajeto caracterizado por numerosos meandros encaixados. Depois de se
libertar das formações xistosas e quartzíticas, e já nas imediações da cidade
Coimbra, o rio inaugura o seu curso inferior, constituído pelos últimos
quarenta quilómetros do seu trajeto e cumprindo um desnível de apenas 40 metros
de altitude. Nesta última etapa, percorre uma vasta planície aluvial, cortando
os concelhos de Coimbra, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz, onde desagua, no
Oceano Atlântico. Junto à sua foz forma-se um estuário com cerca de 25 km de
comprimento e 3,5 km² de área2 . Nos últimos 7,5 km do seu troço desdobra-se em
dois braços (norte e sul), que voltam a unir-se junto à foz, formando entre si
a pequena ilha da Murraceira
Origem
do nome
Os romanos chamavam Munda ao rio Mondego. Munda significa
transparência, claridade e pureza. Nesses tempos as suas águas eram assim. Ao
longo da Idade Média o rio continuou a chamar-se Munda.
Aproveitamento
hidroeléctrico e hidroagrícola
A bacia hidrográfica do Mondego apresenta uma enorme diversificação
de utilizações da água, muito importantes para o desenvolvimento económico da
região, nomeadamente a agricultura, a indústria e fábricas de polpa de
celulose, a produção de energia elétrica e o abastecimento público de água em
toda a região hidrográfica. Desta multiplicidade de utilizadores, a necessidade
de implementação de um modelo de gestão integrada dos recursos hídricos da
bacia, ao qual foi definido de um quadro jurídico e institucional para a
criação de uma entidade gestora do aproveitamento hidráulico do Mondego (AHM).
Por tudo isto, a bacia hidrográfica do rio Mondego é uma das bacias portuguesas
com maior utilização dos recursos hídricos, sobretudo nas componentes
hidroeléctrico e agrícola, onde se destaca a barragem da Aguieira, barragem da
Raiva e barragem de Fronhas com uma potência instalada de 110 MW e uma
produtibilidade média anual de 360 GWh, que regulariza volumes de água para
abastecimento público de alguns concelhos do Baixo Mondego e para a rega do
Aproveitamento Hidroagrícola do Baixo Mondego. As outras importantes são a
barragem do Caldeirão e o Açude de Coimbra.
Atravessamento
O rio Mondego é atravessado por numerosas pontes rodoviárias
e ferroviárias. Pela sua dimensão e importância, destacam-se a ponte de Caldas
de Felgueira (entre os concelhos de Nelas e de Oliveira do Hospital), a ponte
de Penacova, as pontes da Portela, a Ponte Rainha Santa Isabel, a Ponte Pedro e
Inês, a Ponte de Santa Clara e a Ponte do Açude (todas em Coimbra), a ponte de
Montemor-o-Velho, pela A17 e a ponte Edgar Cardoso na Figueira da Foz.
Desporto
Nas águas do rio é comum organizar-se provas de várias
modalidades desportivas aquáticas, tais como vela e motonáutica (no estuário,
junto à Figueira da Foz) e ainda de remo e de canoagem. Existe o centro
desportivo de alto rendimento em Montemor-o-Velho com centro náutico, pistas de
atletismo, e Pousada da Juventude. A sua utilização tem- se revelado útil para
várias modalidades olímpicas como: remo, canoagem, natação de águas abertas e o
triatlo, e onde já decorreram várias provas internacionais. A organização
espacial do plano de água previu uma ilha com uma barreira vegetal para
proteger dos ventos predominantes de nordeste, canais de acesso para facilitar
as provas de 500, 1000 e 2000 metros. Outro melhoramento para a qualidade da
água do local é a adução a montante com entrada direta a partir do leito
central do Mondego ou a partir da vala do regadio na bombagem de Formoselha
Literatura
O Mondego é certamente o rio português mais cantado por
poetas desde tempos imemoriais.
As primeiras referências chegadas até à atualidade, remontam
ao início do século XVI com os poetas do Cancioneiro Geral. Com efeito, é com
Bernardim Ribeiro que é possível identificar, em primeiro lugar, alusões
implícitas ao Mondego, na sua obra Menina e Moça
Não é certo que Luís de Camões tenha estudado em Coimbra,
mas parece irrefutável que terá vivido na cidade nos tempos da sua juventude.
Essa passagem ficou gravada na sua obra, tal como o atesta o soneto:
“Doces e claras águas do Mondego,
Doce repouso de minha lembrança
Onde a comprida e pérfida esperança Longo tempo após si me trouxe cego. (…) Mas a alma, que de cá vos acompanha, Nas asas do ligeiro pensamento Pera vós, águas, voa, e em vós se banha.” |
||
Luís de Camões
|
Século XX, Miguel
Torga descrevia o calmo deslizar do rio na planície:
“Surdo murmúrio
do rio
A deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
De um recado cumprido,
Di-lo sem pressa ao alarmado ouvido”
A deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
De um recado cumprido,
Di-lo sem pressa ao alarmado ouvido”
Miguel Torga
Música
A canção tradicional de Coimbra – o
fado de Coimbra – encontrou sempre nos versos dos grandes poetas que viveram ou
que passaram por esta cidade, inspiração para os musicar e interpretar. Assim,
não admira que muitos dos mais conhecidos fados de Coimbra aludam ao Mondego,
às suas paisagens e às suas musas inspiradoras. A referência ao nome do rio
está presente na mais conhecida balada coimbrã, escrita por António de Sousa
(1898-1981) e gravada em 1929, por Edmundo Bettencourt17 e recriada, anos mais
tarde, por José Afonso:
Oh Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive
Quem te não viu anda cego
Quem te não ama não vive
José Afonso
Também o Vira de Coimbra inclui
uma quadra de António Nobre que faz
uma referência implícita ao carácter estival que o rio apresentava no século XIX:
“Fui encher a bilha e trago-a
Vazia como a levei Mondego qu’é da tua água Qu’é dos prantos que chorei?” |
||
António
Nobre
|
Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
Maio de 2014
Carminda Neves
Este filme é o seu projecto final do mestrado em Wildlife Documentary Production da Universidade de Salford, onde teve aulas com Sir David Attenborough, Paul Reddish, Niel Lucas e outros nomes da BBC Natural History Unit, Bristol.
O filme foi classificado com uma distinção e o próximo passo é concorrer a festivais desta especialidade na Europa.
Agradecemos que vejam e partilhem o link do filme pois ele precisa de divulgação.
Documentário "Mondego"
Este filme é o seu projecto final do mestrado em Wildlife Documentary Production da Universidade de Salford, onde teve aulas com Sir David Attenborough, Paul Reddish, Niel Lucas e outros nomes da BBC Natural History Unit, Bristol.
O filme foi classificado com uma distinção e o próximo passo é concorrer a festivais desta especialidade na Europa.
Agradecemos que vejam e partilhem o link do filme pois ele precisa de divulgação.