quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A Rainha Santa sabia de ervas de unguentos. Se fosse hoje seria médica

Isabel de Aragão foi muito mais do que rainha consorte. Dotada de um profundo sentido de justiça social e solidariedade com os pobres, a isso se deve ter sido canonizada pela Igreja Católica. À luz da ciência, a explicação para as curas que operou deve-se ao facto de Isabel conhecer o poder curativo das plantas e ter estudado a anatomia do corpo. O novo romance da ex-jornalista Isabel Machado recria a personagem da primeira rainha de Portugal que não abdicou de ter um papel nos assuntos de Estado

 Se Isabel Machado, a autora de “A Rainha Santa”, considera Dinis de Portugal e Isabel de Aragão como o “mais interessante casal real” da história do nosso país, a história mostra que formaram uma boa parceria na governação do reino. É preciso recuar ao século XIII, à constante ameaça às frágeis fronteiras dos reinos da Península Ibérica para entender a importância de uma criteriosa política de alianças entre casas reais. Nesse tempo, como nos séculos vindouros, a diplomacia matrimonial firmava pactos entre Estados, e a noção de amor era alheia aos casamentos de príncipes e princesas, educados desde a nascença para defender os interesses do reino que os vira nascer.

Isabel Machado trocou o jornalismo pelo romance histórico, ou seja a narrativa dos factos concretos pela ficção de personagens, diálogos e alguns acontecimentos. Como ela própria diz, o “o romance histórico é ficção”, não é um relato que tenha de ser sempre fiel às fontes. Mas para que o romance tenha corpo, consistência, credibilidade, “é preciso investigar os elementos disponíveis sobre a época, personagens e ambientes. Na altura da pesquisa trabalho 12 horas por dia, sete dias por semana”, disse ao Expresso a autora do livro “A Rainha Santa”, que é apresentado esta terça-feira ao fim da tarde na livraria FNAC do Colombo.
Sobrinha-neta de Santa Isabel da Hungria – cujo milagre mais conhecido é o das rosas que muitos atribuem por mimese a Isabel de Aragão – a filha de Pedro III de Aragão tinha 12 anos quando casou com Dinis de Portugal, selando assim uma aliança dos dois reinos peninsulares contra a ameaça hegemónica de Castela. Pia e devota, a jovem princesa sentia ter recebido de Deus e da sua Santa tia [já canonizada] “a missão de se dar aos mais carenciados de todos, em plena entrega, tocando-lhes e tratando-os no exemplo de aceitação plena de Cristo, sem julgamento”. Muito jovem, e ainda solteira, tinha o hábito de visitar asilos e hospitais, o que constituía uma enorme preocupação para seu pai.
Em termos de saber, Isabel beneficia da imensa curiosidade do seu irmão Jaime [II de Aragão] que se dedica ao estudo dos poderes curativos das plantas e da anatomia do corpo. O príncipe Jaime usufruíra da proximidade com os melhores físicos [os nossos médicos] da época – judeus ou árabes residentes na Península; entre os seus educadores ilustres, contou com o notável filósofo, doutor e poeta Ramon Llull – criador da doutrina do racionalismo místico que seria condenada pelo Papa Gregório XI um século depois e considerada como desvio apóstata.
A proximidade de Isabel com o seu irmão Jaime coloca-a no mundo próximo dos mais importantes debates teológicos e filosóficos do seu tempo, sendo ela que introduz em Portugal o culto do Espírito Santo, cujos festejos se celebram nos nossos dias [este aspeto não é abordado no romance de Machado].
Já em Portugal, Isabel “vai perceber que tem um outro caminho a fazer durante o seu tempo de vida: a paz”, diz a autora ao Expresso, salientando que considera este um dos maiores legados da Rainha Santa a par da criação de casas de abrigo para as prostitutas velhas e doentes, mulheres proscritas por toda a sociedade.
A mulher do rei poeta nunca abdicou da intervenção política e manteve uma correspondência regular com o seu irmão dileto, Jaime II de Aragão, convencendo-o “a ir em pessoa encontrar-se com o rei de Castela, com quem estava em guerra havia anos por causa de Múrcia, com mediação do rei D. Dinis. Foi um acontecimento enorme na História da Península, e reuniu os Reis de Portugal, Castela e Aragão”.
Interveio junto do rei de Castela que era casado com uma filha do casal real português; “a paz entre Aragão e Castela foi conseguida em 1304, com influência direta de D. Isabel”, diz a autora que neste livro procura recriar algumas facetas menos conhecidas da Rainha Santa.
ISABEL DE ARAGÃO
Tal como seu pai, Pedro III de Aragão, D. Dinis teve vários momentos em que achou excessivos os gastos da mulher com a caridade. Apesar disso, e da existência de momentos de grande tensão que incluíram a detenção da rainha em Alenquer na sequência das suas tentativas de mediar a disputa pelo poder entre o seu marido e o seu único filho, Isabel e Dinis, deixaram um legado assente na convivência e na existência de afinidades intelectuais, que ditaram a amizade que foi possível e o respeito mútuo entre os esposos.      Fotografia https://www.google.pt  
Cultos, senhores de forte personalidade e determinação, Dinis e Isabel formaram a melhor dupla real da primeira dinastia do reino de Portugal. Mas nem sempre estiveram de acordo nos interesses que defenderam, nomeadamente quando a Rainha pressentiu que Afonso Sanches, bastardo real, poderia disputar a coroa ao legítimo herdeiro que a história batizaria de Afonso IV.
Manuela Goucha Soares
fontes:
http://expresso.sapo.pt/cultura/2016-09-27-A-Rainha-Santa-sabia-de-ervas-de-unguentos.-Se-fosse-hoje-seria-medica 
Associação dos Autarcas Monárquicos

SETEMBRO DE 2016
CARMINDA NEVES

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Mulheres na História

 Giulia Farnese, "a bela Giulia", uma das amantes do papa Alexandre VI
Arquivo: Giulia Farnese unicorn.jpg
 Giulia Farnese 


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Giulia Farnese foi uma das amantes de Rodrigo Borgia, o papa Alexandre VI. Ficou conhecida como "a bela Giulia" .
Giulia Farnese nasceu em 1474, filha de Pier Luigi Farnese, Senhor de Montalto e Giovanna Caetani, que por sua vez, foi o último membro da dinastia ilustre de Anagni. Tinha três irmãos, um deles seguiu a carreira eclesiástica, tornando-se papa em 1534 sob o nome de Paulo III.
Com 15 anos, no dia 21 de Maio de 1489, Giulia contraiu matrimónio com Orsino Migliorati, conde de Bassanello, que era filho de Lodovico Migliorati, senhor de Bassanello, e da ambiciosa Adriana de Milá, por sua vez tia materna do então papa, Alexandre VI. Desconhece-se em que altura Rodrigo Borgia se apaixonou por Giulia e decidiu que ela fosse sua amante. O que se sabe é que Adriana Mila (sogra de Giulia) deu a sua aprovação a esta relação para que o seu filho conseguisse um estatuto mais elevado no Vaticano. No mês de Novembro de 1493, Giulia Farnese vivia com a sua sogra e com a filha de Alexandre VI, Lucrécia Borgia, num palácio próximo do Vaticano.
Giulia teve uma filha, Laura. Não se sabe se o pai de Laura foi Orsino ou o papa Alexandre. Giulia sempre afirmou que Laura era filha do papa, pode tê-lo feito para elevar o estatuto da filha.
Giulia foi amante do papa até 1499 ou 1500. Terá sido preterida devido à idade. Entretanto o seu marido morreu e ela mudou-se para Carbonagno, perto de Roma.
Giulia voltou a Roma para o casamento da sua filha Laura em 1505. Nos primeiros anos da sua viuvez casou-se com Giovanni Capece de Bozzuto, que era um membro da pequena nobreza napolitana. Em 1506, Giulia tornou-se governadora de Carbonagno e exerceu as suas funções de forma firme e enérgica. Ele permaneceu na cidade até 1522, ano em que voltou para Roma, onde morreu na casa do seu irmão, a 23 de Março de 1524, aos 50 anos. A causa da sua morte é desconhecida.

Consta que Giulia Farnese foi usada pelo papa, como modelo para que artistas, como Pinturicchio e até mesmo Miguel Ângelo, pintassem e esculpissem imagens de Nossa Senhora.

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Giulia_Farnese 
              http://www.carbognanonline.it/
             http://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2014/03/mulheres-na-historia-lix-giulia-farnese.html

COIMBRA, SETEMBRO DE 2015
CARMINDA NEVES

CASTANHA

| Escola Médica, a nova morada de… Castanea sativa |
A castanha foi, em tempos, um ingrediente principal da alimentação dos povos do Norte da Península Ibérica, como fonte de hidratos de carbono.
Eram também recomendadas para problemas intestinais, e as folhas eram usadas, depois de cozidas, para tratar inflamações de garganta e tosse.
Ilustração: Zorn, J., Oskamp, D.L., Afbeeldingen der artseny-gewassen met derzelver Nederduitsche en Latynsche beschryvingen, vol. 6: t. 568 (1800)


Coimbra, Setembro de 2010
Carminda Neves 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Nove coisas que as pessoas bem sucedidas nunca fazem

O presidente de uma empresa norte-americana que se dedica à inteligência emocional publicou um artigo na rede LinkedIn, no qual identifica vários comportamentos que as pessoas de maior sucesso evitam a todo a custo

Segundo Travis Bradberry, presidente de uma empresa que se dedica à inteligência emocional, a capacidade de gerir as emoções e manter a calma - quando sob pressão - é fundamental para alcançar o sucesso. Mas há mais: depois de analisar mais de um milhão de pessoas, o cofundador da TalentSmart e autor de um best seller sobre o tema concluiu que a inteligência emocional está diretamente ligada ao sucesso. No artigo publicado da rede de ligações profissionais LinkedIn, o especialista identificou nove características comportamentais dos emocionalmente inteligentes.
1. Não viver no passado
Quando se vive no passado, o mais provável é nunca se conseguir seguir em frente. Deste modo, o fracasso pode "minar" a sua autoconfiança e impedi-lo de ser bem sucedido no futuro. "As pessoas emocionalmente inteligentes sabem que o sucesso reside na sua capacidade de ultrapassar o fracasso, e não podem fazer isso ao viverem no passado", explica Bradberry. Apesar dos fracassos já cometidos, é importante as pessoas acreditarem que nada se consegue sem riscos e esforços, acreditando sempre nas suas capacidades de vencer.
2. Não se refugiar nos problemas
Para Bradberry, o foco da atenção determina o estado emocional, ou seja, quando uma pessoa se fixa num problema as emoções serão negativas e stressantes. Esse tipo de sentimentos vai influenciar de forma negativa o desempenho pessoa. Deste modo, ao invés de se "afundarem" nos problemas, as pessoas emocionalmente inteligentes focam-se em procurar soluções para resolverem o problema.
3. Não se focar na perfeição
Na pesquisa desenvolvida, as pessoas bem sucedidas não procuravam a perfeição, conscientes de que esta não existe. "Quando a perfeição é o objetivo, a pessoa sentirá sempre a sensação de fracasso, gasta o seu tempo a lamentar o que deixou de fazer e o que poderia ter feito de forma diferente, em vez de apreciar o que era capaz de alcançar", acrescenta Bradberry.
4. Não viver cercados de pessoas negativas
As pessoas que estão constantemente a queixar-se dos seus problemas e que são negativas representam um perigo para o sucesso dos que as rodeiam; Não se preocupam com soluções, apenas pretendem levar alguém consigo "para a cova", de modo a se sentirem melhor. Por estas razões e mais algumas, afaste-as de si. Mesmo que isso o possa fazer sentir-se mal e insensível, "há uma linha que separa emprestar um ouvido simpático e ser sugado para dentro de uma espiral emocional negativa", defende Bradberry.
5. Não ter medo de dizer "não"
"Dizer não é realmente um grande desafio para a maioria das pessoas", admite o especialista. Contudo, quando é necessário dize-lo, as pessoas bem sucedidas fazem-no sem rodeios, e de forma direta. A investigação concluiu que a dificuldade em dizer "não" está relacionada com o stress e com a depressão. Ao conseguir dizer esta palavra está a assumir os seus compromissos e a defender o que quer, o que lhe permite alcançar o sucesso.
6. Não deixar ninguém influenciar a sua felicidade
Quando as pessoas emocionalmente inteligentes se sentem bem, elas não deixam que os outros estraguem essa felicidade com opiniões e sentimentos destrutivos. E também não comparam felicidades. Não importa o que as outras pessoas pensam ou fazem, a sua autoestima vem de si. Tem de se preocupar com aquilo que faz, não com o que os outros fazem.
7. Perdoar, mas não esquecer
A investigação concluiu que as pessoas com maior inteligência emocional são rápidas a perdoar, o que não quer dizer que esqueçam. Não ficam a "remoer" o que se passou, mas isso não significa que irão dar hipóteses a um novo erro.
8. Não desistir da luta
Segundo Bradberry, as pessoas emocionalmente inteligentes sabem o quão importante é lutar para viver no dia seguinte. Deste modo, em alturas de conflito, enfrentam os problemas e não se deixam abater pelas dificuldades. Fazem-no com cautela, controlando as suas emoções e capacidades com sabedoria. Esta é a forma mais eficaz de defenderem o "seu território e saírem vitoriosos".
9. Não guardar rancor
Tendo e conta estudos realizados, guardar rancor é, na verdade, uma resposta ao stress. Pesquisadores da Universidade de Emory mostraram que o stress contribui para a pressão arterial e para doenças cardíacas. Ao guardar o rancor está a guardar também o stress, e assim, nunca alcançará o sucesso. Ou seja, aprender a libertar-se do rancor não só o vai fazer sentir-se melhor como também vai melhorar a sua saúde. As pessoas emocionalmente inteligentes sabem que devem evitá-lo a todo o custo. 


http://visao.sapo.pt/actualidade/sociedade/nove-coisas-que-as-pessoas-bem-sucedidas-nunca-fazem=f793321

REVISTA PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS  

Coimbra,Setembro de 2016
Carminda Neves




terça-feira, 6 de setembro de 2016

SEXALESCENTES»

Se estivermos atentos, podemos notar que está a surgir uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade, os sexalescentes – é a geração que rejeita a palavra “sexagenário”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.
Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica – parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes, que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante décadas, ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a actividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sentem realizados… Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou solidão. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar…
Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.
Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira do poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas… Mas cada uma fez o que quis: reconheçamos que não foi fácil e, no entanto, continuam a fazê-lo todos os dias.
Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.
Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos “sessenta/setenta”, homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos – mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.
De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.
EU
Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota, e parte para outra…
… Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um ternoArmani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.
Hoje, as pessoas na década dos sessenta/setenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.
Celebram o Sol em cada manhã e sorriem para si próprios… talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60/70 no século XXI!
Este post foi originalmente publicado neste site 
Autor não identificado
(Eu, também sou sexalescente pois tenho 67 anos. Recebi este texto por e-mail que achei extraordinário, por isso,o publico no meu blog que tem 7 anos. Sim, tenho muito que sorrir para a vida)
Coimbra, Setembro de 2016
Carminda Neves

sábado, 3 de setembro de 2016

Morre Sozinho em Viagem Entre Hospitais





Um idoso morreu, anteontem de manhã, ao ser transferido da Urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) para a do Hospital dos Covões, numa ambulância onde seguia o motorista e um assistente operacional.
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) alega que, pela avaliação feita ao doente antes daquela viagem , não se justificava o seu acompanhamento por um médico ou enfermeiro. Para a Ordem dos Médicos, o caso é, em si, “um exemplo da “barbárie que foi fecharem a Urgência dos Covões” à noite e ao fim de semana.
José, de 90 anos, residia em Montemor-o-Velho, numa área de influência dos Covões. Segunda-feira à noite, estava com delírios e, sofrendo de insuficiência respiratória, a família decidiu levá-lo à Urgência. Mas como a fusão hospitalar de 2012 reduziu o Serviço de Urgência dos Covões a cinco dias por semana e só no horário das 9 às 20 horas, o idoso foi levado para os HUC. Entrou aqui às 00.11 horas de terça-feira.
Pela manhã, foi decidido transferir José. Como sucede todos os dias a muitos doentes. (Questionado, o CHUC não esclareceu quantos). O JN também perguntou ao presidente da administração, Martins Nunes, pelos critérios da transferência, mas a resposta veio do Serviço de Urgência do CHUC (que integra a Urgência dos HUC e a dos Covões), dirigido por Isabel Fonseca, e não foi esclarecedora. Sustentou que entre HUC e Covões “ocorrem as transferências necessárias, de acordo com regulamento interno” (o JN pediu este regulamento, mas não teve resposta). A razão daquelas transferências será descongestionar a Urgência dos HUC.
Antes da viagem de José para os Covões – perto de uma dezena de quilómetros, que podem demorar uns 15 a 20 minutos, consoante o trânsito – , um médico fez a avaliação clínica do doente e concluiu que o transporte podia ser feito “em ambulância normal com equipa constituída por um tripulante, sem necessidade de acompanhamento médico ou de enfermagem”. Além do motorista, seguiu um assistente operacional, que só terão dado conta da morte do doente ao chegarem aos Covões pelas 9.48 horas.
O presidente do Concelho Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, não se sente com informação suficiente para comentar o transporte sem médico ou enfermeiro, mas critica a situação de fundo: “É má solução os doentes andarem sempre a viajar de um lado para o outro”, diz, afirmando que também há transferência dos Covões para os HUC, por aquele polo de Urgências ter perdido, em 2012, especialidades.
De resto, observa que a frota de ambulâncias que faz aquele transporte “precisa de uma renovação”.
Fonte: Jornal de Notícias (edição impressa)
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carminda neves em setembro de 2016

FAMÍLIA REAL DE PORTUGAL

A ÚLTIMA NETA DE UM REI DE PORTUGAL



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O Núcleo do Sul do Tejo da Real Associação de Lisboa, vai promover no próximo dia 10 de Setembro, pelas 15 horas, a bordo da fragata D. Fernando II e Glória, na doca nº 2 de Cacilhas, uma justíssima homenagem à última neta do Rei Dom Miguel I, Infanta Dona Maria Adelaide de Bragança, que viveu na Trafaria toda a sua vida em Portugal e aí faleceu com 100 anos em 2012. Falarão sobre vários aspectos da sua vida e obra social o Rev. Padre Pedro Quintela e a sua biógrafa, escritora Raquel Ochoa.

Nascida no exílio em 31 de Janeiro de 1912, viveu a sua infância e juventude no Castelo de Seebenstein, na Áustria com seus pais e irmãos, filha de Dom Miguel (II) de Bragança e em 1949, já casada com o Doutor Nicolaas van Uden, veio viver para Portugal. A primeira parte da sua vida foi uma aventura permanente, com o que sofreu, até a fome durante a I Guerra Mundial e a sua prisão durante a II Grande Guerra, pela Gestapo nazi e depois pelos soviéticos, pela sua participação como militante católica na Resistência ao regime de Hitler, tendo-se salvo pela interferência do Presidente do Conselho português, Doutor Oliveira Salazar, que não admitiu que uma Infanta portuguesa fosse presa e pelas autoridades do exército soviético, quando deveria ser enviada para a Sibéria, ao descobrirem que ajudara a salvar um comunista austríaco. Em Portugal dedicou-se á Fundação D. Nuno Álvares Pereira, por si criada, para apoio às mães pobres e filhos abandonados da margem sul, especialmente da Trafaria. Vivendo em Portugal durante o Estado Novo, actuando na área social e vendo a miséria e as injustiças, eram conhecidas as suas posições críticas. Se estava grata a Salazar pelo apoio que lhe dera quando presa pelo nazismo e pela obra financeira que levara a cabo, discordava dos métodos do regime para a obter e de muitos aspectos das suas políticas. Sendo irmã do Chefe da Casa Real, Dom Duarte Nuno de Bragança que sempre apoiou, nunca quis ter uma acção política, não deixando, no entanto, de participar em actividades monárquicas e de dar o seu apoio a muitos monárquicos nas suas acções a favor da restauração da Monarquia.

Tive o privilégio de conhecer e privar com a Senhora Infanta Dona Maria Adelaide desde os anos 60 do século passado, quando dirigente da Comissão de Juventude da Causa Monárquica. Já a tinha cumprimentado em S. Marcos, no palácio residência do Senhor Dom Duarte Nuno, num 1º de Dezembro, mas foi no Centro Popular de Cultura, que tinha sede no andar da direcção do jornal “O Debate”, a S. Pedro de Alcântara, que se iniciou uma maior proximidade. Tinha sido convidado para falar sobre o Integralismo Lusitano, numa sessão evocativa. A Senhora Infanta fora convidada a assistir e eu, jovem de 16 ou 17 anos, estava nervoso e, de alguma maneira temeroso, com a ousadia de falar em público sobre o tema. No final a Senhora Dona Maria Adelaide felicitou-me e perguntando para onde ia a seguir convidou-me para a acompanhar. Para grande espanto meu dirigiu-se para a paragem do eléctrico que a levaria ao Cais do Sodré, para depois apanhar o barco para a Trafaria. E fomos conversando: sobre as actividades da juventude monárquica, sobre o que eu pensava da política em geral, sobre mim, as minhas convicções, os meus interesses, os meus estudos, outras actividades para além da política. E não posso deixar de relatar - e talvez não esteja a ser “politicamente correcto” – um episódio que muito me divertiu e, de alguma forma, é demonstrativo da forma de estar da Senhora Infanta. Seguiu a Senhora Infanta uma senhora da aristocracia que entendia que uma princesa de Portugal não podia andar sem uma dama de companhia e quando entrámos no eléctrico fê-lo também e sentou-se atrás de nós. Quando estávamos a chegar à Praça Luís de Camões, onde eu sairia, levantou-se fazendo-me sinal para a seguir. E quando houve um abrandamento de velocidade, saltou em andamento, no que a acompanhei, deixando a perplexa senhora seguir viagem. Já no passeio explicou-me que não queria ser acompanhada por ninguém e que já não era a primeira vez que aquela senhora tentava impor-se, ainda que fosse com a melhor das intenções.

Passei a ter com a Senhora Dona Maria Adelaide uma relação muito próxima e mais tarde com os seus filhos e o Doutor van Uden, frequentando a sua casa, acompanhando-a em várias ocasiões – conheci por seu intermédio a Senhora Infanta Dona Filipa que me dispensou uma imensa simpatia e várias pessoas importantes do movimento monárquico e privei mais de perto com o Senhor Dom Duarte Nuno, a Senhora Dona Maria Francisca e o Senhor Dom Duarte Pio – conversando pessoalmente ou pelo telefone (amiudadas vezes ligava para minha casa e se eu não estava conversava com a minha mãe, passando a tratar-me pelos meus nomes próprios como ela fazia) E refiro também outro episódio que Raquel Ochoa inclui na sua biografia: ligou uma vez perto da hora do almoço e a criada veio-o chamar-me com os olhos arregalados. “menino, disse ela, está ao telefone a Santa Maria Adelaide” Dei uma gargalhada e percebi o erro: a senhora Infanta fazia-se sempre anunciar como Infanta Maria Adelaide. Não era só a política que a aproximava de mim, mas também a minha actividade num bairro social e como monitor de colónias de férias para crianças dos bairros pobres de Lisboa. Sendo de uma simplicidade inimaginável e sempre acessível a toda a gente que acolhia com um largo sorriso e palavras agradáveis, nunca deixava que não a tratassem como Infanta de Portugal que era.

Voltei a acompanhá-la mais nos seus últimos anos em que frequentemente me convidava para almoçar em sua casa e pude comprovar a lucidez que manteve sempre, o seu interesse pelo que se passava em Portugal e no mundo, a sua inquebrantável Fé, o seu desprendimento das mundanidades e o seu amor pela família e por todos quantos precisavam de ajuda, financeira ou espiritual.

Estas são algumas memórias que guardo (mas guardo para mim muitas mais) e guardo a sua memória como uma dádiva que me ajudou a ser, como pessoa e como cristão, uma outra pessoa. Esta, também, a minha homenagem.


Fotos: Na Missa de Acção de Graças pelos 21 anos do Senhor Dom Duarte Pio: com a Juventude Monárquica no Palácio de S, Marcos; na Maternidade Alfredo da Costa entregando um enxoval a um recém-nascido no dia dos 21 anos do Senhor Dom Duarte Pio.





 
Texto e fotos de João Mattos e Silva

tristeza (entrançar o cabelo)

trança de cabelo

"A minha avó dizia-me que quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo; de modo que a dor ficasse presa no cabelo e não pudesse atingir o resto do corpo. Havia que ter cuidado para que a tristeza não entrasse nos olhos, porque iria fazer com que chorassem, também não era bom deixar entrar a tristeza nos nossos lábios porque iria forçá-los a dizer coisas que não eram verdadeiras, que também não se metesse nas mãos porque se pode deixar tostar demais o café ou queimar a massa. Porque a tristeza gosta do sabor amargo.
Quando te sintas triste menina- dizia a minha avó- entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o cabelo solto quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como a espuma do atole.
Que não te apanhe desprevenida a melancolia, minha neta, ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos frios com alguma ausência. Não deixes que a tristeza entre em ti com o teu cabelo solto, porque ela irá fluir em cascata através dos canais que a lua traçou no teu corpo. Trança a tua tristeza, dizia. Trança sempre a tua tristeza.
E na manhã, ao acordar com o canto do pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos teus cabelos…"
Paola Klug
Carminho Antunes partilhou a publicação de Alice Coutinho.
RETIRADO DO FACEBOOK EM 3-9- 2016